WASTELESS: inovações tecnológicas para combater o desperdício alimentar e promover a sustentabilidade

FOTO: SYDNEY RAE / UNSPLASH
O desperdício alimentar é, sem dúvida, um dos maiores desafios globais enfrentados pela humanidade nos dias de hoje. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de um terço dos alimentos produzidos para consumo humano é perdido ou desperdiçado anualmente.
Este desperdício ocorre em todas as fases da cadeia de abastecimento, desde a colheita até ao consumidor final, impactando diretamente a segurança alimentar, o meio ambiente e a economia global. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) estima que aproximadamente 14 % dos alimentos são perdidos entre a colheita e os mercados retalhistas, enquanto 17 % são desperdiçados nas etapas subsequentes da cadeia de abastecimento.
Em países desenvolvidos, o desperdício alimentar atinge níveis alarmantes, com 222 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados anualmente – um volume equivalente a toda a produção alimentar da África Subsariana.
Para combater esse problema, a ONU estabeleceu no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12.3 a meta de reduzir pela metade o desperdício alimentar nas fases de retalho e consumo até 2030. No entanto, alcançar essa meta global apresenta grandes desafios, considerando os impactos ambientais, sociais e económicos que o desperdício alimentar provoca. Perante este cenário, o projeto WASTELESS – Waste Quantification Solutions to Limit Environmental Stress – emerge como uma resposta inovadora, com o objetivo de desenvolver e testar ferramentas avançadas para medir e monitorizar o desperdício alimentar ao longo de toda a cadeia de valor alimentar, excluindo colheita.
Obetivos e metodologia do projeto WASTELESS
O projeto WASTELESS, financiado pela União Europeia e reunindo a experiência de 29 organizações de 14 países da União Europeia, tem como principal foco o desenvolvimento de ferramentas digitais e metodológicas, com o objetivo de obter dados mais consistentes e comparáveis entre os países da União Europeia para quantificar o desperdício alimentar de forma precisa e eficaz. Estas ferramentas estão a ser testadas em cinco estudos de caso, que abrangem diferentes setores da cadeia de abastecimento alimentar: indústrias, retalhistas, serviços de alimentação, consumidores e um produto alimentar selecionado.
Os resultados desses estudos fornecerão uma base sólida para a criação de um quadro metodológico harmonizado para a quantificação do desperdício alimentar, que servirá como referência para políticas públicas e práticas empresariais em toda a União Europeia. (...)
Por Sofia Reis, Gestora de projetos europeus, ISEKI-Food Association,
Doutorada em Ciência dos Alimentos (PhD in Food Science)
e Ana Novo Barros, Professora Associada com Agregação em Ciências Químicas,
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Doutorada em Ciências Químicas
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