Entrevista a Pedro Dominguinhos
O presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR detalha alguns dos investimentos e objetivos que se pretendem alcançar com este financiamento. Da floresta à eficiência hídrica, passando pela energia, percorremos metas e objetivos ambientais.
Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia por Raquel Wise
Alguns dos investimentos do PRR têm uma grande exigência do ponto de vista da criação de infraestrutura. É o caso do 1º Direito ou da Estratégia Nacional para o Hidrogénio. Tendo em conta que o PRR tem um prazo de execução até 2026, como é que os tempos para a criação desta infraestrutura se articulam com estes prazos?
Nós estamos perante um programa baseado em resultados. Esta é a primeira alteração do ponto de vista da filosofia, que é particularmente exigente, inovadora, e nalguns casos precisa de ser assimilada, ainda, pelos vários beneficiários finais, pelos vários beneficiários diretos e intermediários, e eu diria que pela opinião pública em geral.
Pelo menos no espaço público, continua a existir uma tendência para nos focarmos na execução financeira, sobretudo medida pelos pagamentos que são feitos. Sabemos que a execução dos projetos exige que seja despendido dinheiro, mas essa não é a medida pela qual nos devemos guiar. Mesmo nos investimentos que acabou de referir, o que é relevante é o número de quilómetros construídos ou as casas construídas, e isto é particularmente exigente.
Em alguns casos, como as empresas, o que é medido é a redução de CO2, não é a instalação, por exemplo, dos painéis fotovoltaicos. Há uma exigência acrescida que todos temos de reconhecer, derivada da existência de uma guerra e da invasão da Ucrânia pela Rússia.
O PRR foi planeado na sequência da pandemia. Em agosto, passaram dois anos do recebimento do primeiro cheque, e há uma alteração de condições de mercado em termos de preço. A grande alteração, desde o início do PRR, foi alguma disrupção das cadeias de valor, atraso nos prazos de entrega, e para além do preço há um adiamento claro nos prazos de entrega.
Tenho visitado vários investimentos aprovados na área do Hidrogénio e as empresas dizem-me duas coisas de forma unânime: que os prazos de entrega aumentaram e que neste momento estamos a falar de pelo menos 12 meses, podendo ir a 14, 15 meses, e que a exigência dos fornecedores nos adiantamentos para sinalizar a encomenda também aumentou, podendo chegar aos 40, 50 ou 60%. (...)
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