Transportes públicos após a pandemia: muitas incógnitas e grandes oportunidades

  • 30 junho 2021, quarta-feira
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E se de um dia para o outro Lisboa deixasse de ter turistas? Ou os idosos deixassem de usar transportes públicos? Pensar em cenários deste tipo em dezembro de 2019 poderia parecer uma loucura, mas a verdade é que, poucos meses depois, eram a dura realidade por todo o mundo. As consequências da pandemia que vivemos ultrapassaram o que antes apenas constava de guiões de filmes de ficção, afetando todas as pessoas e quadrantes da sociedade.

O setor dos transportes e mobilidade não foi exceção, tendo sido mesmo um dos mais afetados. No caso dos transportes públicos coletivos podemos considerar um duplo impacto: (i) o isolamento social levou a uma quebra abrupta nos hábitos de deslocação de muitas pessoas, que simplesmente deixaram de se mover; e (ii) o esforço para manter um isolamento social levou os que ainda se moviam a evitar espaços que eram partilhados com outras pessoas. A este duplo impacto devemos acrescentar o timing em que ocorreu, já que os transportes públicos estavam em clima de recuperação, induzida por: (i) um ciclo de investimento dos principais players do setor; por exemplo, o POSEUR apoiou, entre 2018 e 2020, a aquisição de mais de 700 autocarros com tecnologias mais limpas; (ii) um crescimento da procura, proporcionado não só pela melhoria dos serviços, mas também pelo programa de redução dos tarifários, que no caso da Área Metropolitana de Lisboa levou a cortes no preço dos passes para mais de metade e sustentou aumentos de procura superiores a 14% nos primeiros dois meses de 2020 na CARRIS; e (iii) a reestruturação organizativa do setor, com o lançamento por todo o país de concursos públicos para a contratualização de serviços de transporte público, muitos dos quais prevendo um aumento substancial da oferta.

Podemos ver a CARRIS como um exemplo interessante. De acordo com o seu mais recente Plano de Atividades e Orçamento, a empresa fechou o ano de 2019 com mais oferta de transporte, um crescimento de 7% do número de quilómetros percorridos em 2019, mais serviço (tendo lançado 11 novas linhas desde janeiro de 2019), mais clientes – que ultrapassaram a fasquia das 139 milhões viagens no total do ano de 2019 – e mais investimento, tendo apontado para um valor de investimento superior a 54 milhões de euros em 2020. (...)

Artigo completo na Indústria e Ambiente nº128 mai/jun 2021, dedicado ao tema 'Qualidade do Ar, pandemia e mobilidade'

João Vieira

Diretor de Estratégia e Inovação da CARRIS

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