A conservação do solo, o desperdício alimentar e a valorização de resíduos orgânicos. Como coser as pontas?

FOTO: R.SYNKEVYCH / UNSPLASH

Contexto europeu e nacional

O solo é um recurso natural vital e a base de todas as cadeias alimentares e da biodiversidade terrestre. Os solos são o maior reservatório terrestre de carbono do planeta, armazenando mais carbono do que a atmosfera e toda a biomassa combinadas.

Tendo em conta o seu papel crucial no ciclo da água e na qualidade do ar, o solo é também um aliado indispensável na adaptação às alterações climáticas. Uma elevada capacidade de retenção de água nos solos reduz os efeitos das inundações e diminui o impacto negativo das secas.

Atualmente, entre 60 % e 70 % dos solos na UE estão degradados devido a práticas insustentáveis, poluição e impermeabilização o que, incontornavelmente, compromete a qualidade do ambiente, o desenvolvimento da economia e o bem-estar social. A Estratégia dos Solos da União Europeia para 2030, publicada em 17 de novembro de 2021, visa proteger, restaurar e utilizar de forma sustentável os solos europeus. Esta iniciativa está alinhada com o Pacto Ecológico Europeu e outras políticas da UE, reconhecendo o papel crucial dos solos na segurança alimentar, na conservação da biodiversidade, na mitigação das alterações climáticas e saúde humana.

A recuperação de turfeiras e a promoção de práticas agrícolas sustentáveis são algumas das ações propostas para aumentar o sequestro de carbono nos solos e promover uma economia descarbonizada e circular. Para além disso, a Comissão Europeia está a considerar a introdução de legislação específica para a saúde dos solos, visando garantir uma proteção jurídica equivalente à existente para o ar e a água. Esta legislação abordará a degradação dos solos e estabelecerá medidas aplicáveis em toda a UE, respeitando o princípio da subsidiariedade.

Como tal, a conservação e regeneração do solo implica o incremento da sua estrutura física, química e orgânica. A escala que é necessária para efetuar esta regeneração pressupõe a disponibilização de enormes quantidades de matéria orgânica. Naturalmente, que podem ser identificadas diversas proveniências de matéria.

Contudo, numa perspetiva de eficiência, deverá ser considerado o desperdício alimentar como uma fonte de matéria prima que poderá colmatar uma parte da necessidade de matéria orgânica, se tivermos em conta que mais de 30 % dos alimentos que se produzem são desperdiçados. Para se compreender a ordem de grandeza desta problemática, vale a pena considerar que, em 2022, foram registadas aproximadamente 59 milhões de toneladas de resíduos alimentares na UE, o que significa que cada habitante desperdiçou cerca de 120 kg de alimentos.

Em Portugal, também em 2022, foram desperdiçadas aproximadamente 1,93 milhões de toneladas de alimentos no país, representando um aumento de 2,5 % em relação a 2021, o que posiciona Portugal no 3º lugar dos países da União Europeia que mais alimentos desperdiça, em média, 184 kg de alimentos/ habitante (...)

Por Rosário Oliveira,
Arquiteta Paisagista, PhD
Investigadora, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

Leia o arigo completo na Indústria Ambiente nº 150 jan/fev 2025, dedicada ao tema "Desperdício alimentar". 

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