Biorresíduos
(...) Há uns anos, o reconhecido ensaísta e romancista Umberto Eco escrevia, com verdade e também humor, que uma tese universitária era como um porco: não se deitava nada fora. Exprimia assim uma realidade fundamental do domínio da culinária importada da vivência das chamadas sociedades tradicionais: o aproveitamento da totalidade dos produtos e subprodutos fornecidos pela natureza. Veja-se que este porco, com um papel fundamental na alimentação dos humanos era, em simultâneo, alimentado por bolotas e pelos restos da alimentação familiar. Avant la lettre, já que os conceitos de economia circular ou de sustentabilidade são recentes, o porco primava na economia doméstica porque permitia o seu aproveitamento total, das orelhas às tripas, do chispe às bochechas. Sem desperdício.
Estará o nosso país pronto para aproveitar os “restos”, como já soube fazê-lo? Os dados disponíveis referem que, em média, por ano, cada português deita fora 184 kg de alimentos. A média europeia é de 127 Kg/ano per capita. (...)
Diretora da Indústria e Ambiente / Professora na FCT-UNL
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