Sustentabilidade na aviação: só 14 % das empresas se consideram preparadas

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Um estudo do Boston Consulting Group (BCG) revela que, apesar de 80% das empresas demonstrarem confiança no cumprimento dos seus objetivos de SAF até 2030, apenas 14% se consideram devidamente preparadas para enfrentar os desafios de produção e infraestrutura associados. Produção deverá ficar abaixo das necessidades definidas pela Agência Internacional de Energia para 2030
A produção de combustíveis de aviação sustentáveis (SAF) deverá ficar 30% abaixo das necessidades definidas pela Agência Internacional de Energia (IEA em inglês) para 2030, no caso do bio-SAF (produzido a partir de óleos naturais ou biomassa), e 45% no que respeita ao e-SAF (produzido através de um processo termoquímico com carbono e hidrogénio), segundo o estudo "Sustainable Aviation Fuels Need a Faster Takeoff", realizado pelo BCG.
A consultora destaca, em comunicado, que apesar do crescimento a nível global de 1150% só nos últimos três anos, os SAF representam apenas 0,3 % da produção global de combustíveis de aviação em 2024, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA em inglês).
Apesar de 80 % das empresas da cadeia de valor do setor ter manifestado confiança no alcance dos objetivos para 2030, apenas 14% assume uma boa preparação para enfrentar os desafios de produção e infraestrutura, “revelando uma discrepância entre a ambição das organizações em relação à sustentabilidade e a sua capacidade real de transição para soluções neutras em carbono”, conforme destaca o BCG.
O setor da aviação comercial tem apostado cada vez mais em combustíveis sustentáveis, com 62 % das empresas ao longo da cadeia de valor a alocar 4% ou mais da sua receita para investir nestes combustíveis – no entanto, o investimento é irregular entre os diferentes agentes do mercado. Os fabricantes de aeronaves destacam-se na adoção de SAF, com 48 % a investir entre 4 e 5% da receita nestas soluções. Em oposição, apenas 21 % das companhias aéreas e 24 % dos aeroportos, investe a mesma proporção das receitas anuais nestes combustíveis, nota o BCG. A hesitação no investimento deve-se à ausência de uma motivação comercial clara para esta expansão do uso de SAF, agravada pelos elevados custos de produção ou preços destas soluções, fatores apontados por 52% dos produtores e 49 % dos compradores de SAF, dificultando a sua escalabilidade e a redução dos custos.
O BCG deixa também quatro recomendações para alinhar interesses comerciais e metas ambientais globais. Essas estratégias passam pela agregação da procura, pela definição de padrões normativos para o mercado de combustíveis sustentáveis, que, de acordo com o BCG, precisa de um quadro normativo claro e padronizado, pela capacidade de escalar projetos de combustíveis sustentáveis e pela aposta na inovação para lá de 2030.
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