Tratamento Mecânico de Resíduos de São Miguel permitirá encerrar aterros

O Centro de Tratamento Mecânico de Resíduos da Ilha de São Miguel, nos Açores, inaugurado a semana passada, permitirá duplicar a capacidade de resíduos valorizados e selar a “curto prazo” os aterros sanitários.

“A estação vai receber os resíduos indiferenciados. Neste espaço serão separados ainda mais resíduos valorizáveis, enquanto os orgânicos irão para tratamento biológico. A nossa expectativa é que vamos, a curto prazo, selar todos os aterros sanitários e a parcela para aterro será ínfima”, afirmou o presidente da MUSAMI – Operações Municipais do Ambiente EIM, SA, Ricardo Rodrigues.

O centro, iniciativa da MUSAMI, representou um investimento de cinco milhões de euros, no âmbito da construção do ecoparque de São Miguel.

Na inauguração do centro, Ricardo Rodrigues, que é também presidente da Câmara de Vila Franca do Campo, sublinhou que se trata de uma obra importante para a ilha de São Miguel, introduzindo uma “grande diferença no comportamento” do tratamento dos resíduos na maior ilha açoriana.

Segundo explicou o autarca, os resíduos indiferenciados que “iam diretamente para aterro, sem qualquer espécie de tratamento, passam a ser todos localizados” na instalação agora inaugurada.

“Até este momento, em termos de valorização de resíduos temos cerca de seis mil toneladas e este equipamento permitirá em princípio duplicar esse número”, assinalou.

O presidente da MUSAMI realçou ainda a importância da instalação como “indispensável” para atingir as metas da União Europeia e devido às imposições nacionais e regionais.

“Estamos a recolher cerca de 85/86 mil toneladas por ano de resíduos e nesta quantidade temos em valorização na estação de triagem cerca de seis mil toneladas. A expectativa é que essa instalação possa recuperar mais seis a dez mil toneladas”, indicou, acrescentando que ao lado do centro está em construção o tratamento biológico que deverá estar concluído no final do primeiro trimestre do próximo ano.

Ricardo Rodrigues apontou ainda que a construção da nova central teve “os seus contratempos”, alguns “naturais, outros forçados”.

“Nós compreendemos que numa sociedade livre e democrática os interesses são díspares, os interesses de alguns ambientalistas, legítimos, e de outros mais fundamentalistas de que não reza a história, porque temos de tratar os resíduos que produzimos na ilha de São Miguel”, criticou.

O presidente da MUSAMI destacou ainda o “entendimento perfeito” com o Governo Regional, “não deixando” a secretaria regional do Ambiente de “exercer a sua função fiscalizadora nesta matéria” do tratamento dos resíduos, onde “compete às autarquia recolher e tratar os resíduos”.

O secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas dos Açores, Alonso Miguel, sublinhou que a promoção da qualidade ambiental, e em particular a gestão de resíduos, são “um dos eixos estratégicos” do Governo Regional.

“A gestão dos resíduos é um desafio enorme e acentuado atendendo à realidade insular, ultraperiferia e dispersão geográfica e convoca a participação de todos, Governo Regional, municípios e população”, sustentou o governante na inauguração.

Para Alonso Miguel, o centro agora inaugurado permite “dar um passo em frente na conclusão” do ecoparque e, sobretudo, ter “um processo assinalável na melhoria de gestão de resíduos” na Região.

“Em 2021, um total de 68 por cento dos resíduos produzidos na ilha de São Miguel tiveram como destino final a deposição em aterro e isto não é aceitável nos dias de hoje e não é enquadrável com a estratégia que foi definida a nível regional e nem com as metas comunitárias”, sustentou.

O secretário regional do Ambiente realçou um conjunto de projetos “estratégicos” que o executivo tem em curso para a melhoria da gestão de resíduos.

Entre os vários projetos está, por exemplo, um sistema de depósito de embalagens não reutilizáveis de bebidas nos Açores, que arrancou em maio.

De acordo com o governante, este sistema, instalado em todos os concelhos, permite o pagamento de um prémio monetário através do deposito de cada embalagem, e “já ultrapassou a fasquia dos 3,5 milhões de embalagens retomadas”, o que “dá nota da adesão da população”.

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