Tecnologia pode reduzir uso de minerais em 58%

  • 05 dezembro 2022, segunda-feira
  • Energia

The field centre of the Johan Sverdrup oil field in the North Sea west of Stavanger, Norway © AFP

A inovação em tecnologia e medidas de economia circular podem reduzir em 58 por cento a procura dos minerais necessários para apoiar a transição de combustíveis fósseis para fontes de energia renováveis, indica um estudo agora divulgado.

Isto “evitaria possíveis dificuldades no fornecimento de minerais”, bem como “uma nova indústria extrativa danosa no oceano profundo”, adianta o relatório “O futuro é circular: economia circular e minerais críticos para a transição verde”, realizado pela organização norueguesa de investigação SINTEF a pedido do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

A transição verde visa a mudança para uma economia com um baixo nível de emissões de carbono (combatendo as alterações climáticas) e eficiente em termos de recursos. Os minerais críticos são aqueles que possuem uma significativa importância económica e cujo abastecimento apresenta riscos.

O relatório apresenta “modelos que mostram que a procura por minerais críticos pode ser reduzida substancialmente – entre 20 e 58 por cento – de agora até 2050 com novas tecnologias, modelos de economia circular e reciclagem”.

A economia circular é um modelo de produção e de consumo assente na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.

“A indústria de mineração e os seus investidores estão a tentar fomentar a preocupação com a crise climática como justificação para lucrar com os minerais do fundo do mar. O WWF encomendou esta análise para oferecer um contra-argumento baseado em dados. Precisamos de fazer a transição urgente de combustíveis fósseis para energia renovável, mas não à custa de vastos, intocados e biodiversos ecossistemas oceânicos profundos, que também são significativos sumidouros de carbono”, disse a líder da No Deep Seabed Mining Initiative do WWF, Jessica Battle, citada no comunicado de divulgação do estudo.

Com a aplicação de novas tecnologias renováveis pode alcançar-se uma redução de 30 por cento em todos os minerais críticos estudados – níquel, manganês, cobalto, cobre, platina, lítio e elementos de terras raras.

No caso do cobalto, níquel e manganês, a diminuição da procura pode atingir 40-50 por cento com a mudança para tecnologias como baterias de estado sólido ou de fosfato de ferro.

“Minerais de terras raras, que muitas vezes são considerados os mais cruciais devido ao seu abastecimento limitado, podem ser reduzidos em 20 por cento”, indica o comunicado.

A procura poderá ainda ser reduzida em 18 por cento com modelos de economia circular, através “da extensão da vida útil das tecnologias entre agora e 2030 (…). Em 2050, toda a nova procura mineral provavelmente poderá ser resolvida por meio de uma economia circular”, refere o estudo.

Este também indica que a procura de curto e médio prazo pode resolver-se com reservas minerais terrestres, assinalando que isso “deve ser gerido com diretrizes e padrões de responsabilidade socioambiental, como a Iniciativa para a Garantia da Mineração Responsável (IRMA)”.

O relatório, que “mostra que estratégias baseadas na circularidade e na inovação fornecem alternativas viáveis para projetos com alto impacto na natureza”, é divulgado numa altura em que aumenta o número de países que pedem uma “pausa preventiva”, uma moratória ou a proibição total da mineração no fundo do mar.

A lista já inclui o Chile, Costa Rica, Equador, Estados Federados da Micronésia, Fiji, França, Alemanha, Nova Zelândia, Palau, Panamá, Samoa e Espanha, enquanto vários outros países dizem que não serão pressionados para aprovar operações de mineração sem proteção ambiental e conhecimento científico.

“As pressões existentes sobre o oceano e o facto de o mar profundo conter um grande número de ecossistemas inexplorados e não estudados significam que precauções extremas são necessárias em todos os momentos. (…) Deve-se priorizar a proteção e reparação dos oceanos, para garantir um oceano saudável que possa proporcionar benefícios sociais, económicos e culturais à humanidade no futuro”, refere Jessica Battle.

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