Península Ibérica pode ser próximo polo industrial de tecnologias limpas da Europa

A Península Ibérica tem potencial para se assumir como o próximo polo industrial de tecnologias limpas da Europa, tendo investido 674 milhões de euros nesta área em 2022, seis vezes mais do que em 2018.

De acordo com um relatório preliminar sobre a situação do ecossistema de tecnologias limpas da Península Ibérica, divulgado em Madrid durante o evento “Cleantech for Iberia”, a região, “com energia limpa abundante, uma economia de hidrogénio em desenvolvimento e uma base industrial existente, está preparada para se tornar líder em setores como o aço verde e o armazenamento de energia de longa duração”.

Salientando que Espanha e Portugal “possuem abundantes recursos energéticos limpos, incluindo energia eólica, solar e hidroelétrica”, o documento aponta Espanha como estando “no bom caminho para atingir o seu objetivo de 81 por cento de produção de energia a partir de fontes renováveis até 2030”, enquanto Portugal “deverá atingir o seu objetivo de mais de 80 por cento da produção anual de energia a partir de fontes renováveis até 2026”.

“O ecossistema ibérico de investimento e de arranque de tecnologias limpas está a começar a desenvolver um conjunto promissor de inovadores”, destaca o relatório, concretizando que, nos últimos cinco anos, mais de 160 empresas em fase de arranque na região receberam financiamento e atraíram fundos de grandes sociedades de capital de risco para o clima.

Com Espanha a responder, atualmente, já por 20 por cento dos projetos de hidrogénio verde do mundo, salienta que “um cenário de financiamento público e privado em desenvolvimento, combinado com a definição progressiva de objetivos, está a alavancar o crescimento das tecnologias limpas” na Península Ibérica.

Apesar do “promissor” ecossistema de tecnologias limpas existente na Península Ibérica, o relatório considera que “está menos desenvolvido do que noutras partes da Europa”, continuando os montantes totais de investimento “a ser baixos em comparação com os seus pares europeus”.

Assim, concretiza, a tecnologia limpa na Península Ibérica recebeu menos 70 por cento de financiamento do que França e menos 76 por cento do que a Alemanha e, apesar do crescente interesse, muitos investidores de capital de risco reconhecem a dificuldade de conciliar os investimentos em hardware e os longos prazos de desenvolvimento com o modelo de capital de risco.

Segundo o relatório, impõe-se que os “talentos técnicos excecionais” sejam “convertidos em novas empresas” e que as empresas mais ambiciosas concretizem o potencial para estabelecerem parcerias com outras em fase de arranque em expansão, com vista à adoção de novas soluções.

“A realização de progressos nestes domínios permitirá a Espanha e a Portugal concretizarem o seu potencial como centro europeu de energias limpas e demonstrar uma verdadeira liderança industrial”, enfatiza.

Dedicado à projeção da Península Ibérica enquanto líder na área das energias limpas, o evento “Cleantech for Iberia” reuniu, em Madrid, alguns dos principais players do setor, entre os quais a Universidade Nova de Lisboa, a única universidade portuguesa a integrar o leque de parceiros da CleanTech.

O facto de Espanha vir assumir a presidência do Conselho da União Europeia no segundo semestre deste ano é considerado pelos agentes do setor como uma “oportunidade valiosa” para a região para acelerar a sua descarbonização, construir novos líderes industriais de tecnologia limpa e ajudar a Europa a aumentar a sua competitividade global no espaço.

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