Os gases renováveis na indústria e a indústria dos gases renováveis

A neutralidade carbónica, e a consequente redução drástica das emissões de gases de efeito estufa (GEE), é um dos maiores desafios da humanidade, sendo que a União Europeia (UE) pretende atingir esse objetivo até 2050. Por outro lado, a recente invasão da Ucrânia pela Rússia está a dar um forte impulso à aposta da UE na neutralidade carbónica, esforçando-se por promover a independência energética estratégica da UE para eliminar gradualmente a sua dependência sobre combustíveis fósseis da Rússia antes de 2030.

Para atingir as metas de sustentabilidade e clima definidas, há quem defenda que uma generalizada eletrificação do mundo como o conhecemos deverá ser o caminho a seguir, tendo inclusive havido avanços nesse sentido em Portugal, com uma grande aposta na eletrificação total da sociedade. No entanto, questões práticas como os investimentos em infraestruturas necessárias para equilibrar os picos de carga com fornecimento variável apresentam-se como barreiras significativas a uma eletrificação total.

Ainda que as baterias estejam a ficar mais baratas e com melhores condições para responder aos desafios impostos, é improvável que forneçam uma solução economicamente viável de forma a responder às oscilações sazonais. Atualmente, a solução vista como ideal passa, assim, pela complementaridade entre a aposta na eletricidade renovável e em gases descarbonizados, nomeadamente o hidrogénio verde e o biometano.

O hidrogénio verde é um gás renovável produzido a partir da eletrólise da água, um processo que utiliza a corrente elétrica para a separação entre as moléculas dos dois elementos que constituem a água (H2O): hidrogénio (H2) e oxigénio (O2). Por esta razão, se essa eletricidade for obtida de fontes renováveis, como a eólica ou a solar, então produziremos energia sem qualquer emissão de dióxido de carbono, desde a origem até ao seu uso final. Desta forma, o hidrogénio permite a integração dos sistemas de eletricidade e de gás (sector coupling), permitindo uma estratégia rumo à neutralidade carbónica mais eficiente do ponto de vista energético, económico e financeiro. (...)

Nuno Afonso Moreira, CEO Grupo Dourogás, Ricardo Emílio, Diretor-Geral Grupo Dourogás, e Joaquim Marques, Project Developer Dourogás Renovável

Artigo completo na Indústria e Ambiente nº133 mar/abr 2022, dedicada ao tema 'Energia:Novos recursos para a Indústria'

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