Organizações alertam para desregulamentação da expansão das renováveis

Uma coligação de seis organizações não-governamentais de ambiente (C6) alertou para os riscos da desregulamentação da expansão das energias renováveis, que pode ter resultados indesejados e provocar impactos negativos desnecessários no ambiente.

A recente lei, publicado em abril, para simplificar procedimentos de licenciamento para produção de eletricidade a partir de energias renováveis vai, “na prática”, desregulamentar a expansão das renováveis, podendo não produzir os resultados desejados quanto à segurança energética e descarbonização.

Vai também remover salvaguardas ambientais “que põem em causa não só a natureza como também o bem-estar das populações”, alertaram as organizações em comunicado.

Os subscritores do documento concordam com a importância de aumentar rapidamente a produção de energia renovável, nomeadamente a solar, mas não concordam que a nova legislação permita que projetos de energia renovável inferiores a 50 megawatts não passem pela Agência Portuguesa do Ambiente, pelo que será a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) a decidir se os projetos devam ser sujeitos a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).

A DGEG “não tem responsabilidade legal nem competências para aferir se o projeto é suscetível de causar danos no ambiente”, avisaram os ambientalistas.

A C6 alertou também para outra mudança, a de que as entidades a consultar passam a ter apenas dez dias para emitir os pareceres obrigatórios aplicáveis, sendo que a ausência de resposta é equiparada a não oposição. “A C6 considera que este curto prazo antes da aprovação tácita representa uma tentativa de limitação da participação destas entidades, que frequentemente têm escassos recursos para responder a todas as exigências”, lê-se no comunicado.

A coligação disse haver uma “quebra de exigência” e considerou que a AIA não pode ser vista como uma “perda de tempo”, um “esverdear do projeto” ou uma “burocracia”.

Os ambientalistas recomendaram ao Governo que formule uma estratégia ambiciosa para a exploração de fontes de energia renovável a várias escalas em Portugal, que identifique modos de instalação com menor nível de conflitos sociais e ambientais, e que reforce os recursos das entidades com competência legal para fiscalizar o seu cumprimento.

As organizações reafirmaram que a prioridade deve ser a produção de energia renovável descentralizada na proximidade dos centros de consumo, reduzindo perdas no transporte e aproveitando infraestruturas já construídas em áreas urbanizadas e degradadas.

Em causa está o decreto-lei 30-A/2022, publicado a 18 de abril passado, que “aprova medidas excecionais que visam assegurar a simplificação dos procedimentos de produção de energia a partir de fontes renováveis”.

Assinaram o documento a Associação Natureza Portugal, em associação com a WWF, a Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Liga para a Proteção da Natureza, a Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves.

Newsletter Indústria e Ambiente

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia e Gestão do Ambiente.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 6 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.