Navios elétricos devem chegar aos Açores em 2025

Os dois navios elétricos que vão integrar a frota da Atlânticoline devem chegar aos Açores em 2025, adiantou o presidente da empresa, reiterando a aposta na descarbonização dos transportes marítimos de passageiros na região.

“O caderno de encargos está a ser preparado e a nossa expetativa é que, em dois anos – o prazo mais ou menos razoável para o que existe no mercado em termos de construção de navios – os termos cá, em 2025”, afirmou o presidente do conselho de administração da Atlânticoline, Francisco Bettencourt, em declarações aos jornalistas.

O administrador da empresa pública de transportes marítimo de passageiros e viaturas no arquipélago, falava à margem do evento “Towards Carbon-free & Energy Self-sufficient Ports”, que decorre até 29 de junho, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.

O evento é organizado no âmbito do projeto PORTOS [Interreg Atlantic Area], do qual a Portos dos Açores é uma entidade parceira, visando a discussão da descarbonização dos portos e os desafios que essa transição representa.

Em abril, o secretário regional das Finanças, Duarte Freitas, anunciou que a empresa Atlânticoline vai contar na sua frota com dois navios elétricos, orçados em 25 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.

Na ocasião, Duarte Freitas referiu que, no capítulo da descarbonização, vai haver uma “aposta inovadora em dois barcos elétricos para operarem nas ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), libertando os atuais da Atlânticoline para novas rotas, como por exemplo a rota Ponta Delgada-Vila do Porto”.

Agora, o presidente do conselho de administração da Atlânticoline realçou que “os Açores sempre foram conhecidos pelas energias renováveis”, mas há “um longo trabalho” a fazer, começando com “passos seguros”.

O presidente da Portos dos Açores, Rui Terra, realçou a aposta na aquisição dos dois navios elétricos, referindo a importância de uma conjugação com a empresa de eletricidade dos Açores (EDA) ao nível de infraestruturas nos portos, de maneira a tornar aquelas infraestruturas “mais eficientes eletricamente” e “menos carbónicos possíveis”.

“Não podemos perder este comboio, é o futuro. Já vamos ligeiramente atrasados em relação à grande parte dos portos nacionais”, sustentou Rui Terra.

O presidente da Portos dos Açores considerou que “estão reunidas excelentes condições”, quer em São Miguel, quer em todo o arquipélago, para que os Açores sejam “pelo menos uma referência” em matéria de descarbonização dos portos.

“Todos os indicadores têm subido, nos últimos dois anos, ao nível de navios de cruzeiro, cabotagem e ao nível das cargas. Os cruzeiros têm sido um excelente exemplo de como um desafio colocado pelo covid-19 tem permitido aos Açores a colocação num mercado de maneira diferente”, sublinhou.

Segundo disse, o segmento de cruzeiros para a Portos dos Açores “tem um grande peso em termos de rubrica orçamental e para os Açores tem uma grande imagem positiva, já que os turistas procuram cada vez mais destinos de natureza”.

“Isto foi um grande investimento feito na Madeira há muitos anos. Parece-nos que estamos no caminho certo. Já não temos os cruzeiros de mega massas, mas cruzeiros mais pequenos e mais adaptados à nossa realidade e julgo que o impacto tem sido francamente melhorado nos últimos dois anos e os números estão à vista”, vincou.

Na abertura do evento, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, sublinhou “o compromisso” da região com o desenvolvimento sustentável e a aposta na transição energética, criando sinergias entre a beleza do arquipélago e a sustentabilidade.

“É o grande desafio que atravessamos, é um desafio global. É um desafio que temos de fazer com determinação”, sustentou Berta Cabral, lembrando que os Açores estão também a investir na adaptação dos seus portos e querem “barcos mais sustentáveis”.

A governante destacou ainda que em 2022 os Açores atingiram vários recordes em termos turísticos e este sucesso inclui também o segmento do turismo de cruzeiros, numa região que foi o primeiro arquipélago no mundo com certificado de destino turístico sustentável.

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