“Investimentos em eficiência energética têm de triplicar até 2030”

  • 17 novembro 2021, quarta-feira
  • Energia

Os investimentos em eficiência energética aumentaram dez por cento este ano, mas para cumprir as metas internacionais de limitação do aquecimento global até meados do século têm de triplicar até 2030, defendeu a Agência Internacional de Energia (AIE).

No relatório anual de avaliação do progresso da eficiência energética, divulgado a 17 de novembro, a AIE reconhece que os esforços de eficiência energética, depois do hiato de 2020 devido à pandemia, voltaram aos níveis pré-pandemia até 2021, mas defende que o esforço tem de ser muito maior para alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

O declínio da intensidade energética global, que mede este progresso, abrandou em 2020 devido ao impacto da pandemia, com o indicador a cair apenas 0,5 por cento, e este ano espera-se que caia 1,9 por cento, graças a um investimento de 300 mil milhões de dólares.

Isto significa que o declínio da intensidade energética está a regressar a um ritmo equivalente à média da última década, uma vez que o declínio anual foi de 2,3 por cento entre 2011 e 2016 e depois caiu para 1,3 por cento nos cinco anos seguintes.

O problema é que para cumprir o cenário da AIE de zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa até meados do século, a intensidade energética teria de passar para uma taxa de redução anual de quatro por cento no período de 2020-2030.

Isto permitirá à economia mundial crescer 40 por cento até ao final da década, devido ao aumento da população e ao incremento dos rendimentos pessoais, ao mesmo tempo que reduz o consumo de energia em sete por cento.

O diretor-geral da agência, Fatih Birol, salientou que a eficiência energética é vista como o melhor mecanismo para satisfazer as necessidades energéticas “da forma mais limpa e, na maioria dos casos, a mais barata”.

“Não existe um caminho plausível para a redução para emissões zero sem utilizar os nossos recursos energéticos de forma muito mais eficiente”, disse Fatih Birol, que também sublinhou o potencial que oferece para a criação de milhões de empregos de qualidade.

Especificamente, a organização estima que com o montante de investimento necessário na próxima década para avançar no sentido da neutralidade de carbono se criarão quatro milhões de empregos adicionais até 2030.

Muitos destes trabalhos seriam na construção e na instalação de sistemas de aquecimento, de arrefecimento e de água quente, porque é precisamente nos edifícios que se encontram algumas das maiores possibilidades de melhoria.

Para as tornar eficazes, o cenário defendido pela AIE prevê a proibição da venda de caldeiras a carvão e a petróleo em todo o mundo a partir de 2025, bem como de caldeiras a gás, exceto nos casos em que o fornecimento de gás é descarbonizado e os aquecedores podem queimar hidrogénio ou outros gases, para que possam ser classificados como de emissões zero.

A AIE propõe também aumentar a proporção de edifícios que geram zero emissões líquidas de menos de um por cento atualmente para 20 por cento até 2030.

No domínio dos transportes, a agência considera que a eficiência de todos os tipos de veículos, incluindo os veículos de combustão, precisa de ser melhorada.

A AIE pressupõe que, mesmo no seu cenário mais favorável que leva a limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, 80 por cento dos veículos de passageiros continuarão a ser veículos de combustão em 2030.

A agência recorda que em 2020, 40 por cento dos veículos vendidos eram modelos pesados de tipo SUV (todo terreno) ineficientes, enquanto os veículos elétricos representavam apenas cinco por cento. Contudo, cerca de vinte países anunciaram que irão proibir a comercialização de veículos com motores de combustão até 2035.

Os autores do relatório insistem que cerca de 80 por cento dos ganhos de eficiência energética se traduzem em poupanças para os consumidores, e isto tendo em conta tanto os custos iniciais das medidas como os custos operacionais posteriores mais baixos.

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