Investigadores estudam organismos marinhos para criar produtos para diferentes indústrias

Fotografia: Tim Marshall_Unsplash

Uma equipa de investigadores do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria integra o BEAP-MAR, um projeto europeu que tem como objetivo abordar desafios importantes no setor da Bioeconomia Azul no espaço Atlântico.

Outro objetivo deste projeto passa por valorizar grupos de organismos marinhos que não são explorados comercialmente (microalgas, macroalgas, fungos marinhos, bactérias marinhas e esponjas), mediante o desenvolvimento de novos e inovadores compostos (principalmente biomoléculas) e produtos sustentáveis de elevado valor acrescentado.

O BEAP-MAR, que reúne parceiros de Portugal, Espanha, França e Irlanda com elevada experiência na bioprospeção de produtos naturais marinhos para diferentes aplicações, incluindo para a área alimentar, biotecnológica e farmacológica, prevê a realização de testes a processos piloto de produção à escala industrial, em parceria com empresas do espaço Atlântico, para melhorar a sua capacidade de projetar novos modelos de negócios e explorar recursos não utilizados.

“A partilha de conhecimento e melhores práticas entre as diferentes regiões serão fatores-chave para o sucesso do projeto, que impulsionará a competitividade da Bioeconomia Azul do espaço Atlântico e das suas cadeias de valor, bem como a inovação e capacidades dos seus stakeholders. A compreensão destes organismos marinhos pouco explorados e o seu potencial biotecnológico, contribuirão para tornar o espaço Atlântico mais competitivo”, disse, citado em comunicado, o coordenador do projeto no MARE – Politécnico de Leiria, Rui Pedrosa.

“Novos produtos e processos serão desenvolvidos e introduzidos, desenvolvendo potenciais novos modelos de negócios, aproveitando conhecimento científico e tecnológico associado à exploração sustentável de recursos marinhos anteriormente não explorados”, explicou o coordenador.

O investigador destacou a parceria da NERLEI – Associação Empresarial da Região de Leiria, cujos associados poderão absorver e validar o conhecimento desenvolvido ao longo do projeto, através de candidatura de empresas para realizarem os ensaios piloto, contribuindo para “alavancar a Bioeconomia Azul com impacto económico-social a nível local e regional, mas também internacional”.

De acordo com o comunicado enviado à redação, a estrutura do projeto está assente em diferentes etapas, das quais se destaca o levantamento das espécies de organismos pouco exploradas a nível comercial na costa Atlântica, como fonte de biomoléculas com elevado potencial biotecnológico e farmacológico.

“O conhecimento sobre estes organismos não explorados e as suas biomoléculas levará ao desenvolvimento de novas metodologias para sua exploração a nível industrial, através de testes de produtos, concebidos como processos de partilha e transferência de conhecimento para empresas para o desenvolvimento de novos produtos rentáveis e sustentáveis de elevado valor económico, a partir de novos compostos”, lê-se no comunicado.

Dispondo de um elevado conhecimento do potencial biotecnológico de espécies de macroalgas da costa portuguesa e de uma alargada oferta de ensaios de laboratório que permitem validar o potencial bioativo de moléculas naturais para diferentes aplicações biotecnológicas e farmacológicas, o Politécnico de Leiria liderará uma das etapas mais relevantes do BEAP-MAR, focada no desenvolvimento de ensaios piloto de produtos inovadores, sustentáveis e economicamente viáveis a partir de biomoléculas marinhas, proporcionando às Pequenas e Médias Empresas no espaço Atlântico acesso a conhecimento especializado e a possibilidade de se candidatarem a testarem estes produtos.

Nesta tarefa, coordenada pelo Politécnico de Leiria, as instituições de ensino superior e centros de investigação terão de desenvolver oito novos produtos, dois em cada país, cuja produção será testada a uma escala piloto em ambiente industrial. O processo envolve a seleção de organizações, definição de roteiros, implementação dos testes, monitorização do progresso e fornecimento de atividades de mentoria.

A equipa do Politécnico de Leiria é constituída pelos investigadores e docentes Rui Pedrosa, Alice Martins, Celso Alves e Marco Lemos, sendo expectável o envolvimento de mais investigadores do MARE-Politécnico de Leiria no decorrer das atividades.

O projeto é liderado pela Universidade de Santiago de Compostela e decorre até ao final de 2026, representando um investimento de 2,21 milhões de euros, dos quais 1,66 milhões de euros são financiados pelo FEDER.

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