Extrato de sargaço poderá ter eficaz ação biofungicida
O extrato de sargaço, uma mistura de diferentes algas marinhas castanhas muito abundante em Portugal, apresenta um potencial como biofungicida para uso agrícola muito superior ao da alga Ascophyllum nodosum - há muito tempo usada pela indústria para este fim. É esta a conclusão de um grupo de investigadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), com a colaboração da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC).
As experiências comparativas que o grupo realizou permitiram perceber que “os compostos bioativos extraídos do sargaço são bem mais eficazes que o substrato comercial da alga Ascophyllum nodosum. Observou-se, também, um bom desempenho do sargaço como bioestimulante (ativa o sistema imunitário das plantas para se protegerem, por exemplo, de pragas) e como fertilizante”, explicam João Cotas e Leonel Pereira, investigadores do MARE.
No âmbito do projeto, a equipa da FCTUC está igualmente a estudar, em colaboração com uma empresa espanhola, a possibilidade de utilizar quatro macroalgas marinhas vermelhas portuguesas para o mesmo tipo de aplicação. Isto porque, explicam João Cotas e Leonel Pereira, “normalmente só são estudadas e testadas algas castanhas, mas as vermelhas possuem características que indicam potencial para produzir substâncias protetoras contra agentes patogénicos que afetam as plantas e solos. Vamos verificar”.
Este estudo foi realizado no âmbito do projeto NASPA – Natural fungicides against air & soil borne pathogens in the Atlantic Area, que junta 17 parceiros (cientistas e indústria) de Espanha, França, Irlanda, Portugal e Reino Unido.
Financiado com mais de dois milhões de euros (2.245.500,00€) pela União Europeia, através do Programa INTERREG, o projeto tem como objetivo encontrar substitutos naturais baseados em macroalgas marinhas para produtos químicos utilizados na agricultura, especialmente herbicidas, fungicidas e fertilizantes, estimulando uma agricultura mais verde e sustentável em toda a zona Atlântica.
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