Dia Internacional da Reciclagem: ambientalistas apontam falhanço português

Portugal fica mal na fotografia ambientalista sobre o Dia Internacional da Reciclagem, com a associação Zero a apontar “falhanço” em todos os resíduos, enquanto a Sociedade Ponto Verde aponta melhorias, mas ressalva que podia fazer-se melhor.

Citando dados relativos a 2020, a Zero indicou que 16,1 por cento dos resíduos urbanos produzidos foram enviados para reciclagem, ainda longe da meta de 55 por cento pretendida para 2045.

O mesmo se passa nos resíduos elétricos e eletrónicos, dos quais 15 por cento foram recolhidos em 2020, menos de um quarto da meta de 65 por cento estabelecida para esse ano.

O barómetro da reciclagem melhora no que se refere a embalagens de pesticidas, com 48,4 por cento de recolha em 2020, ano em que a meta era 55 por cento, e em relação a pilhas, com uma recolha de 29 por cento em 2019 face a uma meta de 45 por cento para 2020.

A Zero assinalou que a taxa de reciclagem de resíduos urbanos desceu 4,9 pontos percentuais em 2020 e apontou que os números “contrariam o discurso oficial de que em ano de pandemia teria havido uma adesão generalizada às práticas de encaminhamento de recicláveis”.

A associação ambientalista considerou que a “continuação da aposta na recolha seletiva através de ecopontos em vez da recolha porta-a-porta” contribui para explicar a “estagnação, ou mesmo redução” da taxa de reciclagem ao longo de anos.

A Zero afirmou ainda que há um “subfinanciamento do sistema de recolha seletiva pelas entidades gestoras de embalagens”, o que representa prejuízos anuais de 35 milhões de euros para os municípios, e que as embalagens colocadas no mercado são mais do que as são declaradas: os produtores declaram 16 por cento, mas surgem 27 por cento de embalagens nas caracterizações de resíduos urbanos.

A taxa de gestão de resíduos, acrescentou a Zero, é “muito reduzida” e não desincentiva o envio para aterro ou queima de materiais que podiam ser reciclados.

No que toca aos resíduos elétricos e eletrónicos, há “um colapso há muito anunciado”, com os produtores a subfinanciarem o sistema de gestão – défice anual da ordem dos 50 milhões de euros – e os comerciantes e distribuidores a não cumprirem “a sua obrigação de recolha do equipamento velho na venda do novo”, que contribui para o “desvio de frigoríficos para destinos ilegais”.

A Zero defendeu que é preciso um sistema de depósito/retorno, uma “ferramenta essencial” para pôr as pessoas reciclar.

Assinalando o Dia Internacional da Reciclagem com o lançamento de uma campanha que promete “prémios aos cidadãos, comunidades e juntas de freguesia”, a Sociedade Ponto Verde considerou que “se cada cidadão reciclasse, em média 4,5 quilogramas de embalagens por mês, seria possível atingir as metas nacionais”.

“Portugal é um bom país de reciclagem de embalagens e tem capacidade instalada para reciclar mais e melhor”, considerou.

Para já, há “um ecoponto por 143 habitantes”, um total de 70 mil face aos 45 mil de 2019.

“É necessário melhorar bastante o desempenho do sistema e do serviço entregue ao cidadão”, defendeu a Sociedade Ponto Verde, salientando que em 2021 foram enviadas para reciclagem “435 mil toneladas de embalagens”, mais 6,4 por cento do que no ano anterior, enquanto no primeiro trimestre deste ano foram recicladas mais 105 mil toneladas no que no período homólogo do ano passado.

No dia 19 de maio, os membros do Pacto Português para os Plásticos, que junta mais de cem empresas, autarquias e entidades ligadas ao plástico lançam uma campanha de incentivo à reciclagem.

“Recicla o Plástico” é o nome da campanha destinada a pessoas com idades entre 18 e 30 anos, que estará visível na rua e lojas dos membros do Pacto, e no site recicla.pactoplasticos.pt, onde se podem esclarecer dúvidas sobre a reciclagem.

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