Bruxelas apresenta plano para atingir metas climáticas

A Comissão Europeia apresentou um pacote legislativo para garantir que atinge as metas climáticas, no qual constam propostas como o fim da venda de carros a gasolina e gasóleo ou a criação de um imposto sobre o carbono.

Depois de em abril o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia (UE) terem aprovado a Lei Europeia do Clima – que consagra, na legislação do bloco, um corte de, pelo menos, 55 por cento das emissões até 2030, e o objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050 – o pacote ontem apresentado, intitulado 'Fit for 55', visa rever regulamentos antigos e fazer novas propostas legislativas para garantir que a UE atinge os seus objetivos.

Entre as medidas que constam no pacote legislativo, o executivo comunitário propõe o fim da venda de automóveis que funcionem a gasolina e gasóleo a partir de 2035, ao estabelecer novos limites para as emissões de CO2 no setor.

Para tal, e de maneira a garantir que, até 2050, o parque automóvel europeu deixe de produzir emissões de gases com efeito de estufa, a Comissão Europeia propõe também que os Estados-membros expandam a capacidade de carregamento de baterias através da instalação de pontos de recarga a cada 60 quilómetros nas principais autoestradas dos Estados-membros para carros elétricos, e de 150 quilómetros para os carros a hidrogénio.

Além disso, o pacote ‘Fit for 55’ propõe também a criação de um Mecanismo de Ajustamento das Emissões de Carbono nas Fronteiras (CBAM, na sigla em inglês), que irá estabelecer um imposto sobre o carbono a um conjunto de produtos – cimento, ferro e aço, alumínio, fertilizantes, eletricidade – que sejam importados para o mercado europeu.

Em comunicado de imprensa, o executivo comunitário frisa que o objetivo do CBAM é “garantir que a redução de emissões europeia contribui para um declínio global das emissões, em vez de empurrar a produção intensiva em carbono para fora da Europa”.

A Comissão pretende ainda criar um novo mercado de carbono, semelhante ao que já existe através do Regime de Comércio de Licenças de Emissão da UE, mas que vise agora o setor dos transportes e dos edifícios.

Este novo mercado de carbono irá nomeadamente obrigar os fornecedores de combustíveis para os dois setores em questão a comprarem “licenças para poluir” de maneira a compensarem as emissões que produzem.

Para mitigar os efeitos que esta medida trará – e que algumas organizações não-governamentais e eurodeputados consideram poder provocar uma resposta semelhante à dos “Coletes Amarelos” em França –, a Comissão Europeia propõe também a criação de um novo Fundo Social para o Clima, composto por 72,2 mil milhões de euros, e que visa “fornecer financiamento aos Estados-membros para ajudar os cidadãos a fazer investimentos na eficiência energética, em novos sistemas de aquecimento e de refrigeração, e em mobilidade mais ‘verde’”.

Além disso, o pacote legislativo prevê ainda novas medidas para o setor da aviação: além de, a partir de 2023, querer criar um imposto sobre o querosene para todos os voos com proveniência da UE, o executivo comunitário prevê ainda que as companhias aéreas passem a abastecer-se com base numa mistura que inclui biocombustíveis.

Em conferência de imprensa de apresentação do pacote, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a “Europa é agora o primeiro continente a apresentar uma arquitetura abrangente” que corresponde às “ambições climáticas” da UE.

“Tínhamos um objetivo, e agora apresentamos o roteiro para chegarmos lá. Este pacote procura combinar a redução das emissões com medidas para preservar a natureza, e para colocar o emprego e o equilíbrio social no cerne desta transformação”, afirmou Von der Leyen.

O conjunto das propostas passará agora para o Parlamento Europeu e para o Conselho da União Europeia, que representa os Estados-membros, que entrarão em negociações interinstitucionais, um processo que se prevê que deverá demorar vários meses.

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