Avaliação de ciclo de vida, circularidade e sustentabilidade – o caso dos materiais de construção

FOTO © R.DACKER / PEXELS
Nas últimas décadas, a crescente preocupação com os efeitos das alterações climáticas, a escassez de recursos naturais e os impactes ambientais das atividades humanas tem conduzido à adoção de ferramentas e metodologias que promovem uma abordagem mais integrada e sustentável. Dentro dessas metodologias, destaca-se a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que permite analisar, de forma sistemática, os impactes ambientais associados ao desenvolvimento de um produto, processo ou serviço, ao longo de todas as etapas do seu ciclo de vida, ou seja, desde a extração de matérias-primas até à fase final de eliminação no fim de vida.
Esta perspetiva global evita a simples transferência de impactes entre etapas do ciclo de vida ou regiões geográficas, proporcionando uma base sólida para decisões mais informadas, conscientes e sustentáveis.
A ACV é uma ferramenta multifuncional, versátil, aplicável em diferentes domínios: apoio ao ecodesign e à inovação de produtos, identificação de pontos críticos de desempenho, melhoria contínua do desempenho ambiental, comunicação transparente através de instrumentos como as Declarações Ambientais de Produto (DAP), apoio à economia circular e suporte à tomada de decisão estratégica em contextos industriais e outros
Ao permitir a quantificação dos fluxos de energia e materiais e a avaliação dos respetivos impactes, a ACV contribui para alinhar a produção e o consumo com objetivos ambientais cada vez mais exigentes, definidos quer pela regulamentação, quer por um mercado e por consumidores mais atentos à sustentabilidade.
A atividade humana, incluindo o fabrico de materiais de construção, cruciais para o desenvolvimento humano e progresso socioeconómico, geram um conjunto de impactes ambientais, ao longo do seu ciclo de vida, desses materiais e edifícios. Dados da União Europeia indicam que o setor da construção e uso de edifícios representam na Europa:
Em termos de emissões de gases com efeito de estufa, estima-se que os edifícios e a sua operação (incluindo a produção de materiais, construção, renovação e uso) liberte uma quantidade significativa de gases com efeito de estufa (35 a 40 %) que contribuem para as alterações climáticas. (...)
Autor Marisa Almeida
Responsável pela área de Ambiente e Sustentabilidade
do Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
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