Apagões e eco-complicações!

FOTO DZIKRI MUHAMMAD/ UNSPLASH
De que serve termos estratégias, planos, projetos e outros instrumentos se a prática diária não refletir essas ideias? Dois exemplos:
Primeiro, Apagões. Todos sentimos recentemente um “apagão” (na minha zona, cerca de dez horas sem eletricidade), aparentemente em consequência de uma falha na rede espanhola de transporte de energia elétrica, questão por clarificar.
Tendo em conta que, atualmente, Portugal faz parte do MIBEL - Mercado Ibérico de Eletricidade, o que acontece em Espanha afeta Portugal e vice-versa. São os benefícios e os malefícios duma integração.
Benefícios porque, no caso de uma falha em Portugal, existirá sempre a disponibilidade de apoio vindo do país vizinho e benefícios porque permite otimizar o preço da energia, com ganhos de eficiência relevantes. Contudo, este raciocínio lógico e “economicista” tem, apesar do valor dos argumentos que o sustentam, alguns inconvenientes, malefícios digamos assim. Um primeiro, é que uma falha em Espanha terá consequências no nosso país, o que não aconteceria antes da integração. Outro malefício, é que não são tidos em conta os chamados imprevistos, de causas naturais ou outras. Esclareço, segundo pessoas muito conhecedoras do sistema elétrico nacional, o apagão recente teria sido resolvido ou minorado em muito menos tempo se não estivessem inativos alguns geradores ou se não tivessem sido desativadas algumas outras formas de produção de energia por razões exclusivamente ambientais. Clarifico: o que não serve como padrão atual, pode servir como exceção sempre que necessário.
Já em artigo anterior me referi ao excesso de otimização que nos leva a não ter stocks, nem para nós próprios, nem para os nossos clientes ou utentes. Isso tem um custo na cadeia de negócios e na nossa vida pessoal, mas parece não preocupar fornecedores de serviços ou de produtos, porventura também não os governantes. Os objetivos são apenas a otimização e a eficiência empresarial sempre e a todo o custo, mesmo que em prejuízo da segurança e da eficácia geral, sustentado numa grande fé na infalibilidade dos sistemas ou na improbabilidade duma falha por tempo significativo. (...)
Consultor/Economista
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