O clima e a insustentabilidade das práticas agrícolas

O workshop que teve lugar no Parlamento europeu no âmbito do programa LIFE ClimAgri serviu para deixar uma mensagem clara: a agricultura intensiva não é compatível com a preservação do clima.

Os agricultores e os especialistas presentes no encontro elencaram os desafios que a indústria enfrenta: a deterioração dos solos causada pela erosão ou o aumento do número de dias com temperaturas elevadas. As práticas convencionais de lavoura, que conduzem à estratificação do solo e impedem a água de penetrar, também contribuem para os problemas.

Agricultura de conservação

Para o coordenador do projeto, o sequestro de carbono é vital para a mitigação das alterações climáticas. O objetivo passa por quebrar o ciclo do carbono através do seu armazenamento em solos agrícolas. Para alcançar este objetivo, o projeto visa demonstrar de que forma a agricultura de conservação pode reduzir a quantidade de carbono libertada do solo. Para Amir Kassan, da FAO, trata-se mesmo do método mais resiliente e eficiente que a organização conhece. Esta prática implica evitar a estratificação, de forma a perturbar o mínimo possível o solo, criar uma cobertura permanente do solo através de área de cultivo ou de uma cobertura vegetal, que mantém o solo húmido, e diversificar os tipos de plantação.  

Por outro lado, apontam-se também benefícios financeiros a esta prática, nomeadamente uma redução, até 35 por cento, do consumo de energia, incluindo um menor recurso a fertilizantes e um melhor uso dos pesticidas.

A União Europeia está agora a esboçar legislação para determinar o próximo período de financiamento da agricultura, até ao final de 2027. Uma das propostas da Comissão é que 40 por cento do orçamento seja destinado à ação climática.

Impacto alargado

O projeto ClimAgri, que arrancou em 2015, tem como objetivo demonstrar a viabilidade de sistemas de gestão baseados na integração de medidas para a mitigação das alterações climáticas e a consequente adaptação das plantações de irrigação na Bacia do Mediterrâneo (Portugal, Espanha, Itália e Grécia). Pretende-se verificar o impacto à escala global da combinação das estratégias de mitigação e de adaptação adotadas através da criação de uma rede europeia de explorações agrícolas de demonstração. Com base nas estratégias identificadas, pretende-se criar um protocolo de ação que permita criar recomendações técnicas e aplicá-las, de modo a monitorizar-se esse processo. A experiência conquistada com este projeto deverá depois ser replicada em áreas com características similares.

Em Portugal, a APOSOLO é parceira do projeto.

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