A Quarta Revolução Industrial bate à porta. Estamos preparados para a receber?

  • 10 novembro 2022, quinta-feira
  • Gestão

O tema principal da reunião do Fórum Económico de Davos realizado em Janeiro de 2016, foi a Quarta Revolução Industrial. Nessa reunião foi discutido o impacto das novas tecnologias na economia e no emprego. Enquanto na economia, as novas tecnologias, como a robotização e a automação, estão a conduzir a grandes ganhos de produtividade, o emprego está sendo ameaçado com uma expectativa de perda cinco milhões de postos de trabalho nas economias mais avançadas nos próximo cinco anos.

A utilização de novas tecnologias, está a conduzir a que as empresas que num passado recente transferiram as suas fábricas para países de mão de obra barata, voltem com estas à origem, mas de forma totalmente automatizada sem a criação de emprego ao nível anterior, ou seja, os postos de trabalho estão sendo substituídos por uma intensa utilização de robôs. A utilização de robôs tem vindo a crescer devido principalmente ao seu custo ter vindo a diminuir de forma acentuada e como consequência, conduzir a que o custo de produção industrial seja menor do que com a utilização intensiva de mão de obra, que pelo contrário, o seu custo tem vindo a crescer.

Os problemas que a quarta revolução industrial coloca ao mercado de trabalho é de que o seu rápido desenvolvimento não permite aos recursos humanos existentes, a adaptação necessária às novas tecnologias. Claro que novos empregos serão criados, mas estes exigirão conhecimentos muito especializados e só acessíveis a pessoas com elevados níveis de educação.

É urgente, portanto, um novo olhar pelo mercado de trabalho. É ilusório pensar que se conseguirá num futuro próximo reduzir a taxa de desemprego, quando por outro lado se exige à economia como um todo, um nível de competitividade cada vez maior no mercado global. É evidente que o aumento de produtividade necessário, só poderá ser obtido através da modernização das nossas indústrias, o que acarreta o uso cada vez mais intenso de computadores da última geração, de robôs e automação industrial.

Este inevitável futuro, obrigará forçosamente a novo tipo de ensino. É urgente fazer uma avaliação do que é necessário transformar no sistema educativo, quer nos seus conteúdos quer na transmissão de conhecimentos. É evidente que todo o sistema de ensino precisa ser alterado, reciclando em primeiro lugar os professores para os integrar nas novas tecnologias e procurar adaptar os conteúdos, ao que já se faz nos países desenvolvidos.

É necessário e urgente que os órgãos decisores se debrucem sobre estas rápidas transformações tecnológicas e que aloquem os recursos financeiros necessários à modernização da economia e à preparação dos recursos humanos necessários à mudança.

É também evidente que num futuro próximo uma grande parte do tecido industrial existente ficará obsoleto e que só com inovação e modernização poderá sobreviver. O mesmo se aplica aos recursos humanos, dado que, uma grande parte, não será capaz de se adaptar às exigências das novas tecnologias.

É necessário e urgente debruçarmo-nos sobre estes novos desafios, de forma a evitar ou pelo menos atenuar, os problemas graves que se avizinham. Todos nos apercebemos que hoje, uma pessoa de qualquer extrato social que perca o emprego aos 50 anos de idade, raramente consegue encontrar um novo trabalho. Todos sabemos também que o envelhecimento da população portuguesa é dos maiores a nível mundial, o que por si só, acarreta problemas de difícil solução. É, portanto, necessário tomar medidas que evitem a exclusão social das actuais e futuras gerações. Toda e qualquer solução deste problema implica custos que a Segurança Social com a atual sistema de capitalização não poderá suportar. É absolutamente necessário encontrar outras fontes de recursos que ainda não foram estudadas.

Muitos especialistas que estudam os efeitos da utilização de robôs e automação industrial no mercado de trabalho, já ponderam a criação de uma taxa a ser cobrada pela utilização destes equipamentos na proporção do número de postos de trabalho eliminados.

É tempo, portanto, do governo, entidades patronais e sindicatos, se sentarem à mesa, sem preconceitos ideológicos, de forma a encontrar soluções viáveis, que evitem as convulsões sociais que se avizinham, caso medidas preventivas não sejam tomadas.

Por Francisco Lourenço Pimenta, Engº. Civil (UP), Msc (Imperial College)

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