Portugal pode dar salto na reutilização de águas residuais tratadas em 10 anos

O especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos defendeu que Portugal poderá dar um salto na quantidade de água residual que é reutilizada nos próximos dez anos, apontando que a tendência será para mais escassez hídrica.

Intervindo numa conferência promovida pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, Filipe Duarte Santos considerou que se poderá fazer neste setor o mesmo “trabalho excecional” que nos últimos anos se aplicou ao abastecimento e qualidade da água consumida em Portugal.

A área mediterrânica em que Portugal se insere é uma das zonas do planeta com “mais certeza de que a precipitação vai descer”, de acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas, e embora Portugal tenha “excelente qualidade de água para consumo humano e uma percentagem muito elevada de tratamento de águas residuais”, subsiste uma “das mais baixas taxas de reutilização de águas residuais”.

De acordo com o mais recente relatório anual dos Serviços de Águas e Resíduos de Portugal divulgado em 2021, apenas 1,1 por cento das águas residuais tratadas em 2020 foram reutilizadas – o equivalente a 8,1 milhões de metros cúbicos –, a maior parte das quais pelas próprias entidades gestoras.

Filipe Duarte Santos, que preside ao Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, frisou que “daqui a cinco ou dez anos, Portugal poderá estar muito bem na fotografia” no que toca à reutilização.

O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, destacou o que considerou ser o “parente pobre” dos investimentos na rede de gestão de água, as perdas no abastecimento, que são cerca de 200 milhões de metros cúbicos por ano.

Face à situação de seca que Portugal atravessa, particularmente grave nas bacias hidrográficas dos rios Sado e Mira, há em Portugal a “noção clara da água disponível em cada bacia e mesmo sub-bacia”, afirmou Nuno Lacasta, antevendo que “para os próximos tempos” terá que se passar à “fase de negociar alocações” para a água disponível, definindo em que atividades poderá ser usada.

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