Um mapa da vulnerabilidade europeia ao clima

O estudo “Profiling urban vulnerabilities to climate change: An indicator-based vulnerability assessment for European cities” avalia a vulnerabilidade de 571 cidades europeias a ondas de calor, seca e inundações causadas pelas alterações climáticas. As causas desta vulnerabilidade variam pela Europa e os investigadores acreditam que os resultados podem ser usados para conceber políticas que possam mitigar os impactos.

No estudo, os investigadores desenvolveram uma avaliação baseada em indicadores de vulnerabilidade para as cidades em questão, que procura perceber os principais fatores que levam à vulnerabilidade aos riscos climáticos.

Os indicadores usados nesta avaliação, conjugados com as respetivas consequências, são:

- Ondas de calor na saúde humana;

- Seca no planeamento hídrico;

- Impacto sócio-económico das cheias, onde se incluem as fluviais, as pluviais e as costeiras.

Os indicadores foram desenvolvidos com recurso a uma revisão da literatura existente, de modo a identificar as ameaças mais relevantes, e foram classificados em cinco categorias abrangentes:

- Capital humano;

- Condições sócio-económicas;

- Ambiente construído;

- Serviços relacionados com a natureza e os ecossistemas;

- Governança e instituições.

Os dados relativos às 571 cidades analisadas foram recolhidos através da base de dados Urban Audit, que já tinha sido usada para outras avaliações de vulnerabilidade às alterações climáticas. Foram acrescentados novos indicadores, oriundos de Big Data, para aferir da capacidade adaptativa das cidades – em particular, no que se refere à consciencialização acerca dos maiores indutores de pressão sobre o clima. A vulnerabilidade às inundações costeiras foi avaliada para 92 cidades costeiras e a fluvial para 365 com cursos de água numa área de influência de pelo menos 500 km quadrados.

As cidades foram depois agrupadas em sete conjuntos, de acordo com o seu grau de vulnerabilidade a cada um dos três fatores de pressão. AS cidades mais vulneráveis às ondas de calor estão predominantemente localizadas em áreas centrais da União Europeia e em regiões do sul de novos Estados-Membros e repúblicas bálticas. Esta conclusão deveu-se, em parte, ao envelhecimento populacional, aos níveis de poluição e à pequena dimensão das habitações, fatores que, conjugados, aumentam a sensibilidade urbana às ondas de calor. Curiosamente, foi registada menor vulnerabilidade em algumas das cidades mais quentes do continente europeu, possivelmente por existir já um elevado nível de consciencialização em relação à sondas de calor.

As cidades mais vulneráveis à seca, como Bruxelas, Ludwigshafen, Rhein e Marselha, estão dispersas pela Europa. A maior vulnerabilidade explica-se pela existência de economias menos diversificadas, populações em crescimento e sistemas de gestão de água menos eficientes.

A vulnerabilidade às inundações também existe um pouco por toda a Europa, mas as regiões menos afetadas são as ilhas britânicas e os países escandinavos, enquanto os países mediterrânicos apresentam grande vulnerabilidade. Os fatores que determinam esta situação incluem condições sócio-económicas, características físicas, a extensão do solo impermeável, a consciencialização dos cidadãos e o compromisso das autoridades locais em criar medidas de adaptação. As cidades do Mediterrâneo Ocidental e do Báltico demonstraram maior vulnerabilidade a inundações costeiras do que a península italiana.

Os investigadores creem que a metodologia usada pode ser desenvolvida de modo a incluir medidas de adaptação já estabelecidas em cidades europeias, de modo a perceber se estas medidas reduziram de facto a vulnerabilidade dessas cidades.

Newsletter Indústria e Ambiente

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia e Gestão do Ambiente.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 6 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.