Valorização e proteção de recursos hídricos subterrâneos em ilhas: o caso de estudo dos Açores (Portugal)
- 01 julho 2022, sexta-feira
- Água
Nos Açores, a água subterrânea constitui um recurso natural estratégico, cuja importância para o abastecimento das populações tem raízes ancestrais, como demonstrado pelas múltiplas utilizações levadas a cabo desde o povoamento das ilhas, pelo que a sua valorização e proteção se torna crucial para evitar a respetiva degradação a médio e longo prazos.
Os Açores, como Região Autónoma da República Portuguesa, têm autoridade específica para definir suas próprias políticas para a gestão e proteção dos recursos hídricos, aspeto particularmente relevante em regiões que, pela sua natureza arquipelágica e ultraperiférica, são mais sensíveis ambientalmente.
Nos Açores, a captação de água subterrânea para abastecimento totaliza 4,67x107 m3/ano, valor muito superior à captação de água de superfície (7,94x105 m3/ano), e em sete das nove ilhas todo o abastecimento de água é feito a exclusivamente a partir de origens subterrâneas, com exceção do Pico e São Miguel, casos em que equivale, respetivamente, a 91,1% e 97,6% do total (Cruz et al., 2017; Cruz & Soares 2018). O volume de captação de água subterrânea está associado ao número de habitantes de cada ilha, sendo assim mais elevado nas ilhas de São Miguel (2,53x107 m3/a) e de Terceira (1,06x107 m3/ano).
A Região Hidrográfica dos Açores
Nos Açores, uma visão mais holística do ciclo hidrológico, desenvolvida desde 2000, traduziu-se numa abordagem mais integrada e orientada para o planeamento dos recursos hídricos, tendo em conta a entrada em vigor da Diretiva-Quadro da Água (DQA) e o desencadear de um conjunto de estudos técnicos de suporte ao Plano Regional da Água (PRA). Mais recentemente, o planeamento da água esteve centrado no cumprimento dos requisitos da DQA, e da Lei da Água, principalmente através do desenvolvimento e adoção dos sucessivos ciclos de planeamento do Plano de Gestão da Região Hidrográfica dos Açores (PGRH). (...)
José Virgílio Cruz, Faculdade de Ciências e Tecnologia & Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos, Universidade dos Açores
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