Transição ou Adição Energética? 10 anos depois do Acordo de Paris

PARTICIPANTES COP21/ FOTO PRESIDENCIA DE LA REPÚBLICA MEXICANA
Passaram 10 anos desde a aprovação, em 12 de dezembro de 2015, do Acordo de Paris na COP 21 da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (CQNUAC). Depois de ratificado por um número suficiente de países entrou em vigor em 4 de novembro de 2016 e dos 195 membros da CQNUAC apenas três não o ratificaram.
Os EUA, que constituem o segundo maior emissor de gases com efeito de estufa (GEE) a seguir à China, saíram do Acordo em 2020, regressaram em 2021, e anunciaram sair de novo em 2025. Dez anos é um intervalo de tempo adequado para fazer uma apreciação dos resultados obtidos. A minha análise vai centrar-se principalmente no setor energético e económico à escala mundial dado que o desafio das alterações climáticas tem uma natureza global. Para resolver o problema não basta que um conjunto de países, como por exemplo a União Europeia, atinjam a descarbonização da sua economia, desejavelmente em 2050, é necessário que o mundo a atinja.
Comecemos pela concentração atmosférica de GEE porque é ela que determina a mudança climática. Se a concentração diminuir a mudança climática enfraquece, se aumentar intensifica-se. A concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2), o GEE cujas emissões antropogénicas mais contribuem para as alterações climáticas (com cerca de 75% do total), continuam a aumentar. Não estamos perante um aumento linear, mas exponencial. Na década de 1960 o valor médio do aumento anual da concentração foi de 0,8 ppmv (partes por milhão em volume) e na década de 2020 aumentou para 2,4 ppmv. Os valores da concentração foram 419,3 ppmv em 2023 e 433,7 ppmv em 2024 o que representa um aumento de 3,4 ppmv, o mais alto incremento anual registado.
A razão do aumento exponencial é a quantidade crescente de CO2 que é emitida anualmente conjugada com o facto de que esse CO2 se mantém na atmosfera durante séculos, antes de ser completamente absorvido pelas plantas verdes, pelo oceano ou no processo de meteorização dos silicatos presentes nas rochas. As emissões totais de CO2 para a atmosfera em 2024 estão estimadas em 41,6 GtCO2 (Gt ou Giga (109) toneladas) enquanto as que resultam da combustão dos combustíveis fósseis e da indústria cimenteira correspondem a 37,4 GtCO2. O restante provém das alterações no uso dos solos.
Quanto ao metano (CH4) a concentração atmosférica também continua a crescer. Este crescimento tornou-se mais acentuado depois de 2014, e teve o valor de 7,75 ppbv (partes por milhar de milhão em volume) de 2023 para 2024 conduzindo a uma concentração recorde de 1921,79 ppbv. Aproximadamente 40% das emissões de metano são de origem natural e o restante de origem antropogénica. Nesta última parte cerca de dois terços provém da exploração e uso dos combustíveis fósseis. (...)
Autor da coluna Alterações Climáticas / Presidente do CNADS
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