Saneamento no Sul Global versus saneamento no Norte Global

31 dezembro 2023, domingo
Água

Fotografia: Jametlene Reskp_Unsplash

O conceito do “Saneamento Inclusivo à Escala da Cidade” (SIEC) (“City Wide Inclusive Sanitation”) constitui uma abordagem de planeamento dos serviços de saneamento, por forma a ser satisfeita, em tempo, a meta 6.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 6.2), ou seja, alcançar, até 2030, o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos e eliminar a defecação a céu aberto.

As discussões e fóruns sobre o SIED, muito apoiados pelas Entidades Multilaterais de financiamento, têm sido correntes nos eventos técnicos e científicos internacionais de maior dimensão como, por exemplo, no último Congresso Mundial da Água (International Water Association, IWA Word Water Congress, Copenhague, set. 2022), no Fórum Mundial da Água, (FMA, Dakar, março 2022) ou, mais recentemente, no IWA Water and Development Congress & Exhibition WCDE, Kigali, dez 2023.

Genericamente, no sul global são inúmeros os exemplos e casos de insucesso na tentativa de resolução das grandes carências de saneamento. O facto de ser nesses países, sobretudo em Africa, que se concentra o crescimento populacional mundial, agrava os desafios, dado que a construção de infraestruturas e serviços não está a acompanhar, em muitos casos, esse crescimento.

Por outro lado, em vastos espaços periurbanos de cidades dos países de baixo rendimento (ou seja, com PIB inferior a 1045 USD/ano) não existem arruamentos formais , redes públicas de distribuição de água e redes de energia ou de telecomunicações, e o serviço de saneamento baseia-se tipicamente em latrinas (saneamento a seco) ou quando muito em sistemas de fossa sética com condições de operação e manutenção totalmente precárias.

A gestão de resíduos sólidos e de infraestruturas de drenagem pluvial são, na prática, quase inexistentes. Nesse quadro, a transição para um sistema de saneamento convencional não é viável ou é muito dificilmente viável, e as condições de exploração para esses milhões de pessoas, o também designado 4º Mundo, não são sustentáveis no curto, médio ou longo prazo. (...)