Recuperação económica, floresta e serviços dos ecossistemas
- 01 setembro 2021, quarta-feira
- Gestão

Para analisar o tema proposto importa recuperar algumas informações triviais e do conhecimento geral mas cuja conjunção tem implicações nem sempre incorporadas na prática. Assim,
- os ecossistemas terrestres no território português e europeu são, quase na totalidade, resultado de atividades económicas e do modo como essas atividades são realizadas;
- as diferentes espécies e variedades de plantas expressam o seu potencial em diferentes combinações de solo e clima. A maior ou menor aptidão produtiva de um dado local condiciona a economia da produção florestal e, no limite, condiciona a viabilidade da cultura;
- as árvores permanecem longos períodos de tempo no terreno;
- em longos períodos de tempo podem ocorrer transformações sociais e económicas que mudam os pressupostos que estiveram na origem da instalação da floresta;
- a aptidão produtiva de um dado local pode mudar em poucas décadas em função das alterações climáticas.
Vale sempre a pena recordar: durante seis décadas do século passado foram instalados, com apoio público, muitos povoamentos florestais em condições de solo e clima pouco favoráveis. Este esforço foi feito no pressuposto de que existiria sempre alguma modalidade de gestão e aproveitamento desses investimentos.
Assumiu-se implicitamente que, por exíguo que fosse, o rendimento seria sempre importante num contexto de muito pequena agricultura, ou, mesmo na ausência de agricultura, de muito pequenos proprietários ainda com alguma ligação à terra, os quais se pretendiam associados em estruturas de gestão, ou ainda da propriedade comunitária nos baldios.
O tempo passou implacavelmente sobre esta lógica, as pessoas abandonaram o território e esse abandono gerou largas áreas de floresta não gerida, muita dessa área com graves problemas de registo e identificação da propriedade (graves problemas significa não conseguir identificar os proprietários ou sequer a localização razoavelmente aproximada da propriedade). (...)
Carlos Rio Carvalho, ERENA – Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais, S.A.
Artigo completo na Indústria e Ambiente nº129 jul/ago 2021, dedicado ao tema 'Ambiente e recuperação económica: serviços de ecossistemas'
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