Reciclar fósforo de forma mais económica e sustentável
Até 2032, as grandes estações de tratamento de lamas na Alemanha vão ter de recuperar fosfatos das lamas ou cinzas. O problema é que as tecnologias são caras e exigem o recurso a químicos. Mas há alternativa.
75 por cento dos depósitos de fósforo situam-se em Marrocos e no Sahara Ocidental. Além do obstáculo geográfico e da finitude do recurso, estrangulamentos na pipeline e especulação verificados em 2008 e 2009 fizeram disparar o preço do fósforo em 800 por cento. A Comissão Europeia acusou a pressão atirando o fósforo para o top 20 dos materiais críticos, e na Alemanha também houve reação. A partir de 2023, os operadores das maiores estações de tratamento de lamas terão de submeter um plano para a recuperação do fósforo. Apesar de os agricultores poderem espalhar a cinza de lamas incineradas diretamente nos seus terrenos, não há grande uso que se possa dar ao fósforo, e a cinza contém metais pesados. Tem havido esforços no sentido de contrariar este problema através de processos químicos, mas as quantidades de substâncias requeridas são grandes.
A tecnologia proposta pela Fritzmeier Umwelttechnik GmbH & Co. KG chama-se P-bac. Com o apoio do Instituto Fraunhofer, a tecnologia está a transitar do laboratório para uma estação de tratamento piloto, num projeto financiado pelo Ministério da Alimentação e Agricultura alemão.
A chave está nas bactérias. Ao invés de adicionar químicos como ácido sulfúrico, os investigadores usaram bactérias para absorver dióxido de carbono e produzir ácido sulfúrico através do uso de enxofre para extrair fósforo das cinzas. Outro grupo de bactérias absorve o fósforo, enriquece-o e liberta-o quando o ambiente muda. Isto produz precipitados de fosfato de ferro que podem ser separados dos lixiviados.
A quantidade de água requerida neste tipo de processamento também é muito menor. A reciclagem de um litro de cinzas provenientes de lamas requer 10 litros de água, segundo explica o investigador Lars Zeggel em comunicado do instituto. Após a extração do fosfato, a água pode ser imediatamente reutilizada na propagação de bactérias, e o ciclo pode ser repetido várias vezes até ser necessário dessalinizar a água. A membrana de filtração foi adaptada de modo a ser possível remover 98 por cento do sulfato – enxofre – da água e fazer circular 75 por cento da água de processamento.
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