Por um design mais (eco)consciente e sensível: relato de uma experiência em curso
Apesar de a consciência sobre a situação contemporânea ser cada vez mais abrangente, não podemos deixar de reforçar que, no contexto de consumo actual, o nosso planeta já não consegue responder à equidade desejada na distribuição dos recursos. O nível de vida dos países mais desenvolvidos é garantido à custa da sua não acessibilidade a uma parte importante do planeta, a uma populosa parte.
Salientamos ainda que a necessidade de encontrar formas de reduzir o consumo de recursos, de encerrar ciclos, de procura e uso de fontes renováveis de materiais e energia é, antes de mais, uma questão moral e uma premente busca pela sobrevivência – não ainda (embora possa não faltar muito) da vida humana no planeta, mas sim dos modos e níveis de vida a que nos fomos habituando. Talvez o reforço desta perspectiva ajude a tirar as dúvidas àqueles que julgam que isto é um problema dos outros, outros povos ou outras e longínquas gerações, passando a perceber que os impactos serão sentidos no seu período de vida, e na sua vida.
Não serão os impactos apocalípticos que rapidamente nos fazem relacionar causas e efeitos e nos mobilizam, mas as alterações que já se sentem, como as migrações crescentes, a recessão económica, a falta de emprego, a perda de capacidade financeira relativamente ao crescendo do custo de vida, a instabilidade social e económica, as crises, as greves, etc. São certamente também as alterações climáticas, mas é sobretudo o impacto das mesmas nos diversos sectores da economia e da sociedade o que, com mais força, iremos sentir. (...)
Artigo completo na Indústria e Ambiente nº119 nov/dez 2019
Clara Pimenta do Vale, Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
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