Plástico biodegradável também tem inconvenientes

Um grupo de cientistas testou o comportamento de plásticos biodegradáveis em laboratório. Embora tenham percebido que misturar diferentes tipos de plástico biodegradável pode abrir possibilidades em relação ao tratamento em fim de vida, os investigadores do estudo  "Biodegradable Plastic Blends Create New Possibilities for End-of-Life Management of Plastics but They Are Not a Panacea for Plastic Pollution", financiado pela União Europeia, também concluíram que a maioria dos materiais testados continuava a ser nociva, na medida em que o grau de degradação não era suficiente – e em alguns casos inexistente, como no caso do solo e da água do mar.

Apesar de os plásticos biodegradáveis serem encarados como amigos do ambiente, em muitos casos a forma como se degradam não é clara. Uma das razões para que tal aconteça é que estes compostos são muitas vezes formados por uma mistura de materiais, de modo a melhorar a sua flexibilidade.

Os investigadores perceberam que o plástico biodegradável pode gerar biogás, o que pode ser usado para produzir eletricidade numa unidade de digestão anaeróbia.

Foram analisados seis tipos de plástico biodegradável, usados, por exemplo, em embalamento e aplicações médicas: PLA, PHB, PHO, PBS TPS e PCL. Paralelamente, foram testadas nove misturas destes materiais, em proporções diferentes para alcançar diferentes características como a flexibilidade ou a resistência. Os materiais foram testados em laboratório de forma a reproduzir diferentes opções de fim de vida: compostagem industrial, compostagem doméstica e digestão anaeróbia. Foram também simuladas quatro condições ambientais: solo, água do mar, água potável e lamas anaeróbias. Os cientistas avaliaram também o cumprimento de standards internacionais de biodegradação definidos pela ISO e pela ASTM. Por exemplo, o plástico tem de se degradar a 28 ºC para cumprir os padrões de compostagem da ISO 14855.

Dos materiais testados, apenas o TPS e o PHB se degradaram de acordo com os standards nos sete ambientes testados. Os que menos se degradaram foram PBS e PHO (apenas em ambiente de compostagem industrial).

Os resultados sugerem que o plástico biodegradável, se não for adequadamente gerido no final da vida, continua a contribuir para a poluição. Pelo lado positivo, o estudo também permitiu perceber que o PLA cumpre os critérios ISO para a compostagem doméstica se misturado com PCL numa proporção de 80 para 20. Após 259 dias à temperatura de 28 ºC, a mistura degrada-se com a mesma facilidade da celulose, que foi usada no estudo para efeitos comparativos.

Apesar dos resultados, os investigadores alertam que estes materiais não devem ser encarados como um contaminante dos cursos de água, realçando, ao invés, a importância da evolução da gestão de resíduos no sentido da adaptação a esta situação.

Newsletter Indústria e Ambiente

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia e Gestão do Ambiente.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 6 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.