O papel das águas subterrâneas na gestão integrada de recursos de hídricos na região de Aveiro
- 01 julho 2022, sexta-feira
- Água
A região de Aveiro, parte integrante da Bacia Hidrográfica do rio Vouga, tem tido nos últimos 25 anos um importante desenvolvimento económico e social, acompanhado por um crescimento significativo da população residente e do turismo, o que tem contribuído para aumentar as necessidades de recursos de água doce.
Historicamente, as populações e indústrias da região captavam água subterrânea dos níveis aquíferos mais superficiais ou, no caso da cidade de Aveiro, utilizavam água da mina do Vale das Maias, que também capta o mesmo sistema aquífero. No entanto, no início dos anos quarenta, alguns episódios de envenenamento que afetaram as indústrias de transformação do bacalhau foram associados a problemas de qualidade da água subterrânea, obrigando as autoridades locais a procurar origens de água alternativas.
Foi então que se passou, na região, a fazer captações mais profundas e a conseguir captar água subterrânea que apresentava uma qualidade praticamente pristina, sem qualquer sinal de impacto de atividades de origem antrópica. A fábrica de porcelana da Vista Alegre em Ílhavo perfurou, em 1941/42, um dos primeiros furos profundos atravessando formações cretácicas (150 m de profundidade) e, desde então, mais de quatrocentos outros furos de captação foram perfurados neste sistema aquífero, que garantiu, até meados dos anos noventa, a maioria da água para abastecimento publico e industrial, até à sua sobre-exploração (entre 1987 e 1996 o nível potenciométrico na região rebaixou 1,5 m por ano até atingir -40 m sob o nível médio do mar).
A sobre-exploração levou ao risco significativo de intrusão salina por se tratar de um aquífero costeiro, o que obrigou à promoção de um programa de medidas que permitisse recuperar o estado quantitativo medíocre do sistema aquífero e que incluiu a limitação de construção de novas captações e a criação de infraestruturas que permitissem o uso conjunto de recursos hídricos superficiais e subterrâneos, ambos abundantes na região, e necessários para um desenvolvimento mais sustentável. (...)
M. Teresa Condesso de Melo, professora auxiliar, CERIS, Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Ambiente, Instituto Superior Técnico
Artigo completo na Indústria e Ambiente nº134 mai/jun 2022, dedicada ao tema 'Gestão de águas subterrâneas'
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