Os desafios do abastecimento de água em períodos de seca
O ano hidrológico iniciado em outubro de 2016 foi um dos menos pluviosos desde que há registos.
Talvez seja precipitado inferir que tais condições sejam o reflexo direto de alterações climáticas que hoje poucos se atrevem já a questionar.
Particularmente nos países do sul da Europa, as condições de escassez de água nas origens dos sistemas de abastecimento obrigou as entidades gestoras dos serviços de águas à adoção de medidas de adaptação.
Em Portugal, a pressão colocada nos sistemas de abastecimento veio demonstrar que os investimentos realizados nos últimos anos com à vista ao aumento da capacidade de reserva das origens foram adequados e evitaram situações de rotura. É o caso da barragem Veiguinhas construída e gerida pela Águas do Norte, que evitou que Bragança, cidade capital de distrito da Terra Fria transmontana, cortasse a água aos seus consumidores a partir do dia 4 de outubro de 2017.
Por outro lado, a cidade de Viseu, outra capital de distrito mais a sul, esteve a escassos dias de ver a sua origem principal (Albufeira de Fagilde) totalmente esgotada.
Uma sociedade que não aprende com as experiências do passado e não se prepara para um futuro que é cada vez mais exigente no domínio da gestão dos recursos hídricos, está inevitavelmente a sujeitar-se a episódios de rutura com consequências difíceis de antecipar.
É neste contexto de progressiva pressão nas origens, resultante das severas condições climáticas, que associaram, no último ano hidrológico, a baixa pluviosidade a um prolongado período seco, que entidades gestoras responsáveis pelo abastecimento de água desenvolveram planos de contingência de curto prazo e estão a desenvolver planos de médio e longo prazo de adaptação às alterações climáticas.
Em períodos de seca, para além da diminuição da disponibilidade de água nas origens dos sistemas de abastecimento, a qualidade da água bruta tende a degradar-se, gerando problemas adicionais aos gestores dos serviços de abastecimento.
É, portanto, quer ao nível da quantidade quer da qualidade que a gestão dos sistemas se tem de concentrar.
Artigo em co-autoria com Eduardo Gomes, Diretor de Exploração da Águas do Norte
Diretor de Exploração na Águas do Norte
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