As opções energéticas na indústria
A indústria é o setor de atividade que apresenta o maior leque de situações diferentes, processos de transformação distintos, com necessidades técnicas próprias e, portanto, gerador de grande variedade de opções, a que correspondem soluções e formas de energia diferentes.
Para a indústria, não existem formas de energia, à partida, preferenciais; cada operação irá requerer o seu melhor processo tecnológico que, naturalmente, definirá a forma de energia adequada à satisfação das suas necessidades em energia, e à otimização das recuperações que se revelarem possíveis.
Sem qualquer dúvida, as políticas do clima vieram colocar novas condicionantes a este conceito, uma vez que algumas mudanças de combustíveis, antes pouco interessantes, passaram a quase obrigatórias ou mesmo a economicamente viáveis.
Já no que respeita aos indicadores de eficiência energética, as políticas de clima e as normas ambientais podem conflituar por vezes com a opção por renováveis - é o caso da utilização de biomassa, tornada em muitos casos de uso proibitivo devido às normas de proteção do ar atmosférico e, noutro plano, geradora de uma menor eficiência energética porque o seu rendimento como combustível é, e será sempre, inferior ao dos combustíveis fósseis.
Deste modo, é claro que as opções de política energética de cada país, seja por fomento de recursos próprios, renováveis ou não, seja por objetivos assumidos devido a compromissos internacionais, de que são exemplo os acordos climáticos, influenciam muito as escolhas locais, ou por razões de diferente fiscalidade ou, simplesmente, porque legislação conexa, designadamente ambiental, o aconselha.
Como exemplo do acima referido, assinala-se o uso do carvão na indústria, essencial há pouco mais de vinte anos nos setores químico, cimenteiro, metalúrgico e siderúrgico: os setores químico e metalúrgico optaram maioritariamente pelo uso de gás natural, enquanto que o setor cimenteiro passou a usar em seu lugar coque de petróleo, do que resulta algum ganho nas emissões de gases de estufa e resíduos, melhorando o seu desempenho climático e proporcionando a solução para questões nacionais de difícil opção quanto ao destino de certos resíduos.
Já no setor siderúrgico, a causa da quase eliminação do carvão como fonte de energia foi o abandono, em Portugal, do processo integrado de fabrico do aço a partir de minérios de ferro, passando-se a fundir e enformar de novo sucatas ferrosas, substituindo a operação energeticamente exigente da redução desses minérios.
Mais direta e generalizada foi a substituição em grande escala dos combustíveis derivados do petróleo por gás natural, embora muito impulsionada pelas medidas de política energética e, sobretudo, pela pressão ambiental.
Esta coexistência entre gás natural e petróleo é natural e é positiva porque geradora de alternativas, logo de maior segurança de abastecimento.
Com efeito, as opções de gestão da energia na indústria poderão ser de três naturezas:
- As alterações tecnológicas, com ou sem alteração das formas de energia utilizadas;
- O recurso à cogeração;
- As medidas de eficiência energética. (...)
Artigo publicado na Edição nº 106
Engenheiro
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