Que medidas ainda vamos a tempo de tomar para evitar seca extrema este ano nos territórios mais vulneráveis?

  • 22 fevereiro 2022, terça-feira
  • Água

DR - Barragem do Lindoso, fevereiro de 2022

Face aos níveis baixos das barragens portuguesas consequentes do período de seca que o país atravessa atualmente, a Indústria e Ambiente vem relembrar as vozes ativas de Eduardo Gomes, Area Manager da Rohde Nielsen A/S, Rodrigo Maia, professor associado da FEUP, e Rui Rodrigues, LNEC – Núcleo de Recursos Hídricos e Estruturas Hidráulicas, da edição nº 115 mar/abr 2019.

Que medidas ainda vamos a tempo de tomar para evitar seca extrema este ano nos territórios mais vulneráveis?

Eduardo Gomes – Area Manager da Rohde Nielsen A/S

  1. Proibir a rega de espaços públicos… Viseu, no auge da seca de 2017, gastou cerca de 800.000.000 litros (não, não me enganei nos zeros) a regar jardins e a limpar as ruas (tudo com água potável quando têm uma ETAR fantástica com ultra-filtração);
  2. Criar uma tarifa de emergência… um substancial aumento a aplicar aos escalões acima do 1º (água de subsistência). Essas receitas adicionais deveriam ser canalizadas para um fundo de investimento para políticas de reutilização de água e combate às perdas;
  3. Afetação de fundos comunitários à transformação de ETAR’s para promoção de reutilização directa de água (instalação de sistemas de ultrafiltração e/ou ozonização).

Rodrigo Maia – professor associado da FEUP

Desenvolver e fortalecer a capacidade de prever e prevenir situações extremas (cheias e secas) tem vindo a ser reconhecido com imperioso, quer técnica quer socialmente, e essencial para a adaptação às alterações climáticas. É cada vez menos aceite que a ocorrência de uma seca associe escassez de água aos diferentes setores utilizadores, sem que existam indicadores claros, oficiais, e reconhecidos que permitam, inequivocamente, justificar e priorizar intervenções e subvenções. Em acordo com a Diretiva Quadro da Agua, torna-se necessário que sejam desenvolvidos (i) Planos Específicos de Gestão de Situações de Seca, ao nível de cada bacia/região hidrográfica e (ii) indicadores específicos para (1) situações de seca prolongada e (2) situações de escassez, monitorizados em permanência e com previsão de evolução temporal dos mesmos, constituindo um verdadeiro Sistema de Previsão e Gestão de Secas, a nível nacional. Esses indicadores deveriam ser harmonizados com Espanha, com quem partilhamos bacias de cinco rios cuja área em território nacional corresponde a pouco menos de 2/3 da área de Portugal Continental, e que já adotou esse caminho.

Rui Rodrigues – LNEC – Núcleo de Recursos Hídricos e Estruturas Hidráulicas

Este ano hidrológico é um homotético de razão 1 de 2011/2012;

Recomendaria o bom senso que se adotassem as medidas que então foram tomadas, mas em 2012 havia um governo recente, que criou uma Comissão para acompanhar a situação (Resolução 37/2012);

Em 2019 existe um novo governo – mas que é velho no privilegiar de táticas reativas: criou mais uma Comissão (Resolução 80/2017);

A nova Comissão aprovou um Plano;

Recomendaria o bom senso que se adotassem as medidas que o Plano prescreve, mas o Plano não as tem;

Devia haver planos concretos para as secas, por bacia, mas não há;

Tudo vai correr como em 2011/12.

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