Loulé recebe certificação “Tsunami Ready”
- 29 outubro 2025, quarta-feira
- Água

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A entrega da certificação de “Tsunami Ready” aconteceu durante uma visita de dois dias de uma comitiva da UNESCO ao concelho de Loulé, com vista a acompanhar e distinguir o trabalho realizado por este Município no âmbito do projeto CoastWAVE 2.0
Iniciativa da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, financiada pela União Europeia, este projeto tem por objetivo reforçar a resiliência, a preparação, a capacitação e a implementação de boas práticas nas zonas costeiras do Atlântico e do Mediterrâneo.
O programa “Tsunami Ready” reconhece e certifica as comunidades com um elevado nível de preparação para o risco de tsunamis e de outros perigos relacionados com o nível do mar, através da melhoria dos sistemas de alerta, da perceção de risco e da capacitação das comunidades, aumentando a resposta a uma situação de catástrofe.
Com uma costa de 14 km, que abarca as freguesias de Quarteira e Almancil, o Município de Loulé junta-se agora a uma centena de outros municípios em todo o mundo. Em comunicado, o município explica que, para alcançar este reconhecimento, foi necessário responder a 12 indicadores, ou seja, objetivos sugeridos pela UNESCO, organizados em três pilares: avaliação do risco, preparação da resposta e capacidade de resposta e recuperação.
Tatiana Neves e Fernando Leandro são os técnicos do Serviço Municipal de Proteção Civil de Loulé diretamente envolvidos neste projeto, contando com o apoio de uma equipa do Instituto Superior Técnico, constituída pelos professores Carlos Oliveira e Mónica Amaral. Durante a cerimónia de entrega da distinção, fizeram uma apresentação das várias ações que se somaram nos últimos anos, e que culminaram com a atribuição desta chancela.
No âmbito da avaliação do risco, foram criados mapas de risco, ou seja, o mapa de inundação, sobrepondo uma altura de onda estimada de 15 metros, identificado o número de pessoas em risco (não só a população residente, mas também os visitantes), bem como os edifícios em área inundável.
Quanto à preparação da resposta, foram criados mapas de evacuação de fácil compreensão e sinalização e identificadas rotas de evacuação. Em Quarteira, foram criados 13 pontos de encontro e 140 placas de distância. Em Almancil, ainda em fase de colocação da sinalética, são 11 os pontos de encontro seguros e 160 placas de distância. Os trabalhos de campo iniciaram-se em 2020 e prosseguiram mesmo em período de pandemia. Em janeiro de 2024, foi inaugurada a sinalética de evacuação em Quarteira, prevendo-se que até ao final deste ano fique concluída em Almancil.
A realização de divulgação e sensibilização pública ultrapassou os objetivos propostos pela UNESCO, tendo a Proteção Civil de Loulé optado por realizar três ações uma vez por mês; no total, já foram realizadas 26 sessões sobre o riscos e resiliência face a um tsunami, dirigidas a 1030 pessoas. 
Além da aplicação da Proteção Civil, que permite localizar os locais seguros já sinalizados, possibilitando o uso do Google Maps para encontrar a rota mais rápida, há material didático e informativo disponível. Hotéis, escolas, empresas municipais, equipamentos públicos têm sido alguns dos espaços onde se têm realizado as ações de sensibilização.
Há sete países parceiros da rede CoastWAVE 2.0: Portugal, Espanha, Marrocos, França, Itália, Egito e Turquia. Em Portugal, além de Loulé, apenas Cascais faz parte do projeto.
“Obter um certificado ‘Tunami Ready’ não significa eliminar o risco mas significa estar preparado para agir de forma rápida e eficaz. Este certificado da UNESCO será um compromisso com a segurança das populações e um investimento para o futuro”, disse Maria Ana Baptista, investigadora do Instituto Dom Luiz e que participou neste grupo de coordenação da UNESCO, citada no comunicado do município.
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