“Se continuarmos a mandar [51% dos resíduos] para aterro, evidentemente os objetivos da economia circular estão comprometidos"

O alerta vem de Feliz Mil-Homens, da Associação de Entidades de Valorização Energética de Resíduos Sólidos Urbanos (AVALER), e foi lançado durante as 10as Jornadas Técnicas Internacionais de Resíduos, que decorrem até amanhã no Instituto Superior de Engenharia do Porto.

O também docente do ISEL apresenta a valorização energética da fração resto como a única solução alternativa ao envio da fração resto para aterro. O ano passado, 51 por cento dos resíduos foram encaminhados para aterro, se contabilizarmos os provenientes de envio direto e aqueles que passaram por pré-tratamento, uma cifra muito acima dos objetivos da economia circular, que estabelecem um máximo de 10 por cento até 2030.

Recorde-se que a fração resto, pelas suas características de humidade e grau de contaminação, não pode ter outro tratamento que não a valorização energética ou o aterro. Feliz Mil-Homens recordou ainda que, dos 31 aterros existentes em Portugal, 11 apresentam pressão elevada e quatro pressão média, pelo que se se continuar a depositar resíduos em aterro ao ritmo atual, estas estruturas correm risco de esgotamento. Além disso, os aterros representam quase 6 por cento das emissões em Portugal.

No entanto, as centrais de valorização energética atualmente existentes em Portugal não têm capacidade para tratar todos estes resíduos provenientes da fração resto, o que obriga a tomar a decisão de investir em novas unidades e encontrar as melhores formas de as financiar.

Valorização energética como alternativa sustentável

À Indústria e Ambiente, Feliz Mil-Homens realçou que a ideia de que esta fração possa ser utilizada noutras centrais de tratamento é um mito, já que a regulamentação não o permite, já que as centrais térmicas e de biomassa não estão dotadas da tecnologia adequada para descontaminar estes resíduos.

Já as centrais de valorização energética, explica, estão abrangidas por legislação europeia e nacional em matéria de emissões gasosas, sendo, “de longe, o setor mais exigente” a nível de monitorização de parâmetros de Valores Limite de Emissão, frisa.

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