Indústria, clima, cidades: novos projetos com financiamento europeu
O Conselho Europeu de Investigação atribuiu as Subvenções Sinergia a 37 projetos de investigação científica, num total de 363 milhões de euros, que incluem desafios diversificados como a previsão de sismos, tratamentos para o cancro ou relações entre clima e cidades.
Estes prémios, atribuídos no âmbito do Horizonte 2020, irão permitir a grupos de dois a quatro investigadores juntar diferentes competências e recursos num projeto.
Os 37 projetos integram 126 investigadores principais que levarão a cabo os seus projetos em 95 universidades e centros de investigação de 20 países.
Maximizar a energia na fotossíntese
As plantas e outros organismos fotossintéticos absorvem apenas uma parte da energia solar disponível, e o processo de conversão para biomassa acarreta mais perdas. Um dos projetos financiados combina competências na área da genética, bioquímica e biofísica para conceber novas versões de fotossíntese que permitam que as plantas de cultivo utilizem mais energia solar para otimizar a produção de biomassa e biocombustível.
As cidades e o clima
As alterações climáticas e a urbanização têm grande impacto na nossa vida e estão intimamente ligadas. Por isso, o objetivo do projeto urbisphere é precisamente mudar a forma como a comunidade científica conceptualiza, classifica e prevê o sistema climático e o planeamento urbano nas cidades. O projeto visa criar um entendimento profundo das dinâmicas socioeconómicas e respostas humanas ao clima e eventos extremos, bem como à transformação urbana. A equipa irá explorar a forma como a urbanização, o comportamento humano e as mudanças tecnológicas nas cidades vão impactar nas alterações climáticas e de que forma os impactos das alterações climáticas vão influenciar as populações urbanas e a sua vulnerabilidade e capacidade adaptativa.
Tornar a indústria química mais limpa
A indústria química europeia produz mais de 300 toneladas de fertilizantes, produtos farmacêuticos, materiais de construção e outros bens essenciais, o que requer o uso de grandes quantidades de petróleo, gás e biomassa, bem como uma forma eficiente de os converter em produtos com valor. Importa perceber de que forma estes processos de conversão podem ser melhorados, tornando-se mais limpos e fazendo mais com menos. Desenvolver novos métodos de ativar a ligação carbono-hidrogénio pode ser a solução para transformações químicas mais sustentáveis. O projeto CUBE vai explorar novos catalisadores, recorrendo a ferramentas sintéticas e biológicas. A equipa espera conseguir a oxidação seletiva do metano em metanol.
Sismos: agir na prevenção
Parte do caráter devastador dos sismos reside no facto de não ser possível prever rigorosamente a ocorrência seguinte, não obstante décadas de investigação. A falta de condições para simular os abalos tem sido um dos grandes obstáculos. Para colmatar esse aspeto, o projeto FEAR (Fault Activation and Earthquake Rupture) consiste na construção de uma infraestrutura experimental no túnel de Bedretto, sob os Alpes de forma a conduzir experiências com uma escala e profundidade indisponíveis até agora. A partir daqui, espera-se abrir portas a novas experiências para a utilização segura de geoenergia.
Uma nova abordagem no tratamento do cancro
Apesar de toda a investigação em torno da matéria, uma cura para o cancro ainda não se afigura no horizonte próximo. Atacar e destruir as células tumorais tem sido a abordagem mais eficiente até ao momento. A equipa do projeto kill-or-differentiate vem propor outra metodologia: atuar na natureza da célula, alterando o seu caráter agressivo e, desta forma, evitando a pesada terapia e a evolução das células até à metástase.
Para que isto seja possível, a equipa vai trabalhar no sentido de perceber os sinais que as células trocam entre si e com o mundo exterior, e de que forma estes sinais levam à diferenciação. Saber interpretar estas mensagens pode ser a chave para conduzir as células às transformações desejadas.
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