Gerir a água com inteligência e bom senso
- 16 maio 2024, quinta-feira
- Água
Fotografia: D.R.
Arranca hoje a conferência “Água – Desafios do Futuro”, que irá decorrer na Universidade do Algarve até sábado.
Promovido pela Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH), o evento junta diversos intervenientes no setor da água e dos recursos hídricos, incluindo pessoas da academia, de entidades públicas e privadas e também outros stakeholders, que vão discutir os desafios e oportunidades no âmbito da gestão sustentável da água.
Num cenário de incerteza e instabilidade, abrir-se-á espaço às abordagens inovadoras que possam contribuir para o futuro deste recurso escasso. A conferência dividir-se-á entre os temas Água, Território e Agricultura, Zonas Costeiras, Ciclo Urbano da Água, Eficiência Hídrica e Novas Origens, Qualidade da Água, Inovação Tecnológica no Domínio da Água.
No primeiro boletim produzido pela APRH a propósito da conferência, a vice-presidente da associação, Carla Antunes, apela a uma reflexão integrada para abordar a complexidade do tema. Já o presidente, Jorge Cardoso Gonçalves, advoga a colaboração intersetorial e a congregação de medidas, “desde o planeamento do território e ocupação do solo, à incorporação das linhas de água e da drenagem natural em meio urbano, passando, igualmente, por uma gestão integrada das infraestruturas construídas”.
À Indústria e Ambiente, Jorge Cardoso Gonçalves explica a importância desta colaboração intersetorial para garantir o futuro, numa visão integrada que considere “desafios ambientais, demográficos, sociais, económicos, territoriais e climáticos”. O dirigente advoga um “uso inteligente da água” da origem até ao mar, agregando setor urbano, agricultura e indústria. E aqui tem de entrar o bom senso, olhando-se para as características de cada território, as necessidades das pessoas e a sustentabilidade dos recursos. Inovar e capacitar profissionais também faz parte da lista de prioridades. No que concerne à inovação, Jorge Cardoso Gonçalves acredita na importância da Inteligência Artificial no tratamento do volume de dados oriundo dos sistemas de monitorização e controlo das infraestruturas “e na sua conversão em informação útil à tomada de decisão, tornando-a menos reativa e mais sustentada”. De resto, a resposta aos desafios da gestão da água passará, para o presidente da APRH, pela combinação entre soluções que já utilizamos e “outras que gradualmente teremos de começar a utilizar”, e que se relacionam com a gestão da oferta, tendo em conta novas origens de água, e da procura, atuando na redução de consumos e na melhoria da eficiência.
De uma coisa o presidente da APRH não tem dúvidas: a urgência de responder aos alertas sobre a escassez e travar as consequências que poderão advir de uma evolução não planeada, uma gestão não adaptativa e um contexto desfavorável, fatores que podem acentuar o desequilíbrio entre necessidades e disponibilidades. Por isso, é urgente reduzir perdas, reutilizar águas residuais, aproveitar águas pluviais, educar no sentido de um consumo consciente, apostar em novas origens e encurtar cadeias de abastecimento. A aproximação do fim de vida das infraestruturas hidráulicas, que não estão a ser renovadas, é, para Jorge Cardoso Gonçalves, uma “bomba-relógio” a merecer lugar nesta equação.
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