Recomendação da ERSAR sobre higienização de reservatórios de água para consumo humano

A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) emitiu uma recomendação sobre a limpeza e higienização de reservatórios de água para consumo humano, tendo em conta a periodicidade do procedimento, a seleção dos produtos e a inspeção.

Periodicidade da limpeza e higienização

Embora, nos sistemas de abastecimento público de água, seja usual estabelecer-se uma periodicidade anual para a limpeza e higienização dos reservatórios, o procedimento pode ser mais apertado ou alargado em função das características de qualidade da água, do tipo de reservatório e do seu estado de conservação. Assim sendo, os fatores a definir a periodicidade da limpeza e desinfeção são:

  • Características da qualidade da água na origem. Por exemplo, um reservatório que contém água proveniente de origens superficiais, submetidas ao processo de coagulação, poderá necessitar de uma limpeza mais frequente que um reservatório que armazena água de origem subterrânea de boa qualidade;
  • Características das captações subterrâneas. Por exemplo, a possibilidade de arrastamento de partículas devido às deficiências estruturais das captações;
  • Localização do reservatório, relativamente a questões de segurança e potenciais atividades poluidoras na envolvente dos reservatórios;
  • Desempenho operacional da estação de tratamento de água (ETA). Por exemplo, se a água à saída da ETA apresentar níveis próximos dos valores paramétricos de turvação ou de alumínio, o reservatório necessitará de ser limpo mais frequentemente;
  • Características do reservatório, como a idade, capacidade, material do revestimento, estado de conservação, material da superfície em contacto com a água;
  • Histórico dos dados da monitorização da qualidade da água no reservatório. Por exemplo, a análise dos resultados dos teores de cloro residual livre, oxidabilidade, ferro, manganês, alumínio;
  • Registos de ocorrência de incidentes nas condutas adutoras.

Para além do plano de manutenção, a ERSAR alerta para a necessidade de efetuar a lavagem e a desinfeção após uma intervenção, independentemente de se tratar de obras novas, reparações ou intervenções em células de reservatórios.

Seleção dos produtos de limpeza, desinfetantes e materiais

Os responsáveis por este processo de seleção e aquisição de produto devem solicitar ao fornecedor evidências de que o produto é adequado para o contacto com água destinada ao consumo humano, o que pode ser demonstrado através da apresentação de um relatório de ensaios específicos ou de um certificado de aprovação de produto.

Os reservatórios de água destinada ao consumo humano deverão ser revestidos num material cujos componentes em contacto com a água tenham reduzida (ou mesmo nula) porosidade e não propiciem reações químicas.

O procedimento

O procedimento de inspeção, limpeza e higienização de reservatórios pode ser efetuado em sete etapas:

  1. Elaborar o plano geral de inspeção, limpeza e higienização de todos os reservatórios, de forma a programar, planear e antecipar todas as operações a realizar na implementação do procedimento;
  2. Efetuar a inspeção ao reservatório de forma a diagnosticar o seu estado de conservação, com a ajuda de uma checklist; Registar as observações da inspeção e criar o registo fotográfico de eventuais anomalias; Planear as intervenções necessárias à correção das anomalias detetadas;
  3. Proceder à escovagem e raspagem das estruturas e/ou proceder à limpeza com um produto químico desincrustante, se necessário, conforme o estado do reservatório; Remover todos os resíduos gerados para destino final adequado;
  4. Enxaguar abundantemente todas as superfícies com água à pressão recomendada de 3-6 bar; Verificar o pH da água proveniente do enxaguamento, no caso de ter sido utilizado um produto químico ácido na Etapa 3, de forma a avaliar a necessidade de neutralizar o efluente gerado;
  5. Pulverizar, à pressão recomendada de 1-2 bar, todas as superfícies e elementos interiores do reservatório com uma solução desinfetante, seguindo as orientações do fornecedor (concentração e tempo de contacto);
  6. Enxaguar abundantemente todas as superfícies com água à pressão recomendada de 3-6 bar; Determinar o pH da água residual que deve ser igual ao da água utilizada na lavagem; Realizar o teste ATP nas superfícies do reservatório ou, em alternativa, o teor de cloro residual na água; Avaliar os resultados obtidos. No caso de não serem satisfatórios, repetir a Etapa 5 e Etapa 6;
  7. Terminado o trabalho de limpeza e higienização, encher o reservatório até ao nível de água mínimo de um metro de altura; Recolher amostras de água no reservatório para análise dos parâmetros.

Após a conclusão do serviço, recomenda-se a elaboração de um relatório datado que descreva o estado inicial do reservatório e a forma como decorreram os trabalhos. Além de preservar o histórico, este documento é importante para possibilitar que sejam avançadas sugestões para a melhoria das condições existentes.

Consulte o documento completo em http://www.ersar.pt/pt/site-comunicacao/site-noticias/documents/recomenda%c3%a7%c3%a3o%20ersar_limpeza%20reservat%c3%b3rios.pdf

Imagem: Luis Tosta / Unsplash

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