Entrevista a José Saldanha Matos
José Saldanha Matos foi um dos peritos portugueses a acompanhar a revisão da Diretiva das Águas Residuais Urbanas, que a 5 de novembro recebeu luz verde do Conselho da União Europeia. Para o docente, o conhecimento e a investigação são fatores cruciais para tentar cumprir as novas e mais exigentes metas.
Indústria e Ambiente (IA): Que desafios a nova Diretiva das Águas Residuais Urbanas (DARU) irá trazer às Entidades Gestoras?
José Saldanha Matos (JSM): Há alguns domínios importantes com ruturas relativamente ao passado. O primeiro é o controlo da qualidade dos serviços.
Muitos dos nossos sistemas são sistemas ou unitários ou pseudo- -separativos, onde as redes de esgotos levam águas pluviais quando chove, e isso é um problema europeu, não só de Portugal. O que acontece é que como os sistemas estão projetados para um certo caudal, muito inferior ao caudal que aflui, o excedente das estações elevatórias e das estações de tratamento é descarregado nos meios recetores quando chove. Mesmo que chova pouco, descarrega. O que descarrega é a mistura da água pluvial com o esgoto doméstico.
Às vezes, é uma proporção muito grande e causa deterioração da qualidade da água, mesmo que a estação seja de tratamento terciário ou até quaternário. Isso é uma preocupação da União Europeia e que, em Portugal, com honrosas exceções, nunca foi um problema. E isso é a causa da degradação de muitos meios hídricos. É uma questão importante porque a diretiva obriga, no caso de bacias com mais de 100 mil habitantes, a ter um estudo de monitorização e de controlo que nós nunca fizemos porque a maior parte das entidades não sabe onde tem os descarregadores, quanto mais saber as cargas que são descarregadas. Nem os volumes, então as cargas muito menos, por isso é um trabalho que tem de ser feito. (...)
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