Entrevista a Arnau Teixidor

A International Union for Conservation of Nature (IUCN) junta estados e organizações da sociedade civil em torno do objetivo de preservação da natureza. Arnau Teixidor e a sua equipa trabalham a aplicação do programa ao contexto do Mediterrâneo. O trabalho gira em torno da conservação de espaços protegidos e da criação de standards de eficácia da gestão desses mesmos espaços. Na vertente do turismo, a equipa trabalha em programas de restauro de áreas costeiras. As alterações climáticas são um desafio premente para este conjunto de países cuja economia depende, por vezes em grande parte, de uma atividade com grande pressão sobre a biodiversidade. Nesta entrevista, procuramos perceber onde estará o ponto de equilíbrio.

Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia D.R.

Qual a capacidade que o IUCN tem, em termos globais, de influenciar políticas? O trabalho vai mais no sentido de emitir recomendações ou de as tornar vinculativas?

Eu não trabalho no âmbito das políticas. Temos um centro global que trabalha sobretudo com as grandes convenções internacionais, das alterações climáticas, da biodiversidade ou da desertificação. A nível do nosso escritório, o foco é trabalhar principalmente com os atores da Convenção de Barcelona, que são todos estados mediterrânicos.

Somos uma entidade de advocacy, principalmente. Trabalhamos com os atores, tanto do setor público como da sociedade civil, para encontrar espaços de partilha e de procura de soluções comuns. Em geral, temos uma abordagem de trazer os atores, às vezes mais alinhados, às vezes menos, para um trabalho conjunto com base em informações oriundas das evidências científicas. Temos o secretariado, os membros, que em geral são os estados, ONG e organizações indígenas, e depois temos as comissões, que trabalham com aspetos específicos.

Existe uma comissão de espécies, que trabalha com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, uma de gestão de ecossistemas, uma de áreas protegidas, outra de educação ambiental, outra de direito ambiental e outra de políticas. Cada comissão normalmente é que está por trás das posições da IUCN em relação a assuntos específicos. O objetivo é estabelecer boas práticas, standards e guias que têm sido elaborados de forma colaborativa entre peritos científicos, membros, decisores políticos e sociedade civil.

Somos uma instituição de advocacy mas estamos engajados num processo de formação política, sobretudo global ou regional, no caso de cada escritório.

Neste momento, na região do Mediterrâneo, o que é prioritário? A preservação dos ecossistemas, a pressão sobre as zonas costeiras, os recursos hídricos?

O Mediterrâneo é o segundo hotspot de Biodiversidade do mundo. Sofremos os impactos ligados à pressão climática, e trabalhamos a forma como os ecossistemas podem ajudar a adaptar as sociedades mediterrânicas ao mundo em mudança. Trabalhamos em muitos âmbitos, e por exemplo a questão da água é uma prioridade-chave no Mediterrâneo.

Depois, temos todas as questões ligadas à adaptação das zonas costeiras. Aí, o grande desafio é a renaturalização, e também lidar com as pressões que as zonas costeiras mediterrâneas têm sofrido, sejam urbanas, turísticas ou de outros domínios. É um território litoralizado e fragmentado e há que ver que dificuldades temos para ter uma conectividade dos espaços naturais. É um grande desafio. (...)

Artigo completo na Indústria e Ambiente nº146 mai/jun 2024, dedicada ao tema 'Turismo e Ambiente'

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