Entrevista a Manuel Duarte Pinheiro
Há quase duas décadas que Manuel Duarte Pinheiro trabalha a sustentabilidade em edifícios. A criação e o desenvolvimento do sistema de certificação LiderA, e a sua evolução até à versão atual, dão-lhe uma visão detalhada da sustentabilidade no ambiente construído. Partindo dessa visão transversal, o docente analisa o contributo do ambiente edificado para as metas de sustentabilidade.
Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia D.R.
Para que um projeto de construção, de habitação ou não, seja realmente sustentável, quando é que o fator sustentabilidade tem de começar a entrar na equação? É na fase de projeto ou é ainda antes disso?
A otimização da sustentabilidade é facilitada no momento da entrada, que é o momento em que se decide promover um edificado, contratar uma equipa de projeto, fazer ou não fazer de alguma maneira a topografia, a geologia, a geotecnia, todos esses elementos. O LiderA neste momento já está preparado para [entrar] mesmo em sede de programa preliminar. Quanto mais cedo nós conseguirmos entrar, é mais provável conseguirmos otimizar mais o desempenho da sustentabilidade.
Os donos de obra estão sensibilizados para essas questões e para pedir esse apoio, ou depende um pouco das áreas?
Eu acho que depende um pouco das áreas. Os donos de obra que trabalham mais para mercados internacionais parecem-me mais sensíveis a estas questões do que outros. Temos empresas em Portugal que apostam estruturalmente na sustentabilidade. Se conseguirmos entrar na fase de promoção, ótimo, se conseguirmos entrar na fase de estudo prévio ou mesmo em estudos muito preliminares, fantástico, mas isso não invalida que muitas vezes, em projeto de execução ou até na fase de construção, não se possa fazer uma introdução, mas o grau de liberdade é mais reduzido nesse caso, ou então temos custos mais significativos. (...)
Outros artigos que lhe podem interessar