Emissões mais altas que nunca apesar de aumento ter abrandado

As emissões de gases com efeito de estufa estão no nível mais alto de sempre, mas o seu crescimento tem vindo a abrandar desde o início do século, segundo a avaliação de cientistas da Organização das Nações Unidas (ONU).

As conclusões do grupo de peritos do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas agora divulgadas, que se referem às medidas de mitigação do aquecimento global, indicam que as cerca de 59 gigatoneladas de emissões provocadas pela atividade humana em 2019 são 20 por cento superiores às de 2010 e 54 por cento superiores às de 1990.

No entanto, a taxa de aumento desceu de 2,3 por cento por ano no início do século para 1,3 por cento na década entre 2010 e 2019, calculam os quase 300 cientistas que contribuíram para a avaliação, notando a redução de 50 por cento no ritmo anual de aumento de emissões nos setores energético e industrial.

A par de compromissos políticos como os adotados por mais de 800 cidades e cem regiões do mundo que estabeleceram metas para serem neutras em emissões, assiste-se desde 2010 a uma redução dos custos das energias renováveis: 85 por cento no caso da solar, 55 por cento na eólica e uma redução de 85 por cento do custo das baterias de iões de lítio, usadas nos veículos elétricos.

Durante a década de 2010, a utilização de energia solar aumentou dez vezes e o número de veículos elétricos em circulação aumentou cem vezes, embora estes indicadores tenham grandes variações conforme a região.

O painel defende que para cumprir o objetivo de limitar até 2100 a 1,5 graus o aumento da temperatura média global em relação à era pré-industrial, é preciso parar de queimar carvão para produzir energia e reduzir até 2050 a utilização de petróleo em 60 por cento e a de gás em 70 por cento em relação a níveis de 2019.

A produção de energia elétrica deverá assentar em fontes sem emissões ou de baixas emissões carbónicas, consideraram os cientistas que terminaram agora a sexta avaliação do estado do clima.

Os peritos reunidos em torno do relatório do grupo de trabalho dedicado à mitigação dos efeitos das alterações climáticas recomendaram ainda ação imediata em relação aos usos do solo, no sentido de aumentar a capacidade dos sumidouros de dióxido de carbono e de modos de cultura sustentáveis que não sejam tão intensos em emissões.

Propõem apostas em organização urbana que concentrem serviços, habitação e locais de emprego a distâncias entre si que facilitem as deslocações, bem como investimentos em transportes públicos elétricos e em edifícios em que se use eficientemente a energia.

Defendem ainda comportamentos individuais que favoreçam a redução de emissões e a eficiência na utilização de eletricidade, desde mudanças na dieta para incluir mais frutas ou vegetais, até à redução do desperdício.

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