Dose certa

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O desperdício alimentar é considerado um dos grandes desafios do mundo atual e tem sido alvo de debate frequente devido, não só aos impactes negativos que causa a nível económico, social e ambiental, mas também pela necessidade de garantir a segurança alimentar (Alves, M. 2020).

Continua-se a assistir a um baixo nível de consciência, sendo necessário uma mudança nos hábitos alimentares a nível individual e coletivo, com especial atenção à compra, confeção e empratamento: ”continua-se a comer muito com os olhos”. Por isso, é fundamental desencadear o pensamento e a ação através do desenvolvimento de iniciativas que incentivem o cidadão a reduzir o desperdício alimentar ao mesmo tempo que se demonstra a importância dos alimentos como um recurso valioso e escasso.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), estima-se que anualmente cerca de 1,3 mil milhões de toneladas dos alimentos produzidos sejam desperdiçados, o que equivale a um terço de todos os alimentos produzidos. Na UE, são geradas anualmente mais de 59 milhões de toneladas de resíduos alimentares (132 kg/habitante), 11 % dos quais gerados na restauração (Eurostat, 2024).

Em Portugal, a realidade é muito semelhante: em 2022, cada cidadão desperdiçou 184 kg/ habitante (INE) e olhando para o panorama dos resíduos, a fração alimentar representa cerca de 27,81 % dos resíduos urbanos produzidos em Portugal (RARU 2023). Isto representa também uma oportunidade para envolver a comunidade e as organizações em iniciativas, ações ou projetos que contribuam para reduzir a produção deste fluxo de resíduos. Assim, e considerando as políticas nacionais e europeias, a LIPOR desenvolveu uma gestão sustentável de resíduos urbanos alicerçada numa grande aposta na prevenção de resíduos, nomeadamente os alimentares.

O projeto Dose Certa, destinado a estabelecimentos de restauração, assume uma posição privilegiada, pois representa uma metodologia que alia a redução do desperdício de alimentos com a promoção de uma alimentação sustentável (sazonal e local), procurando otimizar os custos económicos, sociais e ambientais e incentivar a mudar os hábitos alimentares.

Com o Dose Certa pretende-se acompanhar o ”percurso” dos alimentos (na confeção/preparação das refeições e das sobras no prato do cliente) e medir o real impacto que a aplicação de boas práticas ambientais e nutricionais, têm na quantidade de desperdício alimentar. (...)

Por José Manuel Ribeiro
Presidente da Câmara Municipal de Valongo e Presidente do Conselho de Administração da LIPOR.
Licenciado em Relações Internacionais, com MBA em Administração de Empresas.

Leia o artigo completo na Indústria Ambiente nº 150 jan/fev 2025, dedicada ao tema "Desperdício alimentar". 

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