Divulgado 3º relatório do Pacto Português para os Plásticos

Imagem: Associação Smart Waste Portugal

O terceiro Relatório de Progresso do Pacto Português para os Plásticos (PPP) que mede, de forma agregada, o desempenho dos membros da iniciativa no ano de 2022 e o respetivo progresso relativamente às 5 Metas 2025, acaba de ser divulgado.

O Pacto Português para os Plásticos visa potenciar a transição para uma economia circular, na qual o plástico é considerado um recurso valioso dentro da economia e nunca uma ameaça para o ambiente.

Com o intuito de alcançarem esta visão, os membros do Pacto comprometeram-se a atingir, até 2025, um conjunto de cinco metas:

  1. eliminar os plásticos de utilização única problemáticos e/ou desnecessários;
  2. assegurar que cem por cento das embalagens de plástico colocadas no mercado sejam reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis;
  3. garantir que 70 por cento ou mais das embalagens plásticas sejam efetivamente recicladas, através do aumento da recolha e reciclagem;
  4. incorporar, em média, 30 por cento de plástico reciclado nas novas embalagens de plástico;
  5. promover atividades de sensibilização e educação dirigidas aos consumidores atuais e futuros para a utilização circular dos plásticos.

“Ao definir as Metas 2025, o PPP e os seus membros foram muito ambiciosos e é assim que continuamos, no entanto, a evolução dos resultados é mais lenta do que se esperava inicialmente”, declarou a coordenadora do Pacto Português para os Plásticos, Patrícia Carvalho.

“Ao analisarmos o progresso em relação às metas estabelecidas para 2025, é muito importante reconhecer as áreas em que enfrentamos desafios e identificar os caminhos para superá-los”, acrescentou.

Os resultados em cada meta, os desafios e os caminhos propostos pelo PPP

Relativamente à Meta 1, em que o objetivo é chegar aos zero por cento destes plásticos, o peso dos mesmos no portefólio dos membros representa dois por cento, sendo uma notícia positiva.

“Esta meta tem vindo a evoluir bem, mantendo uma tendência de decréscimo. Estão identificados os principais itens a intervir e os membros estão a trabalhar para encontrar soluções e alternativas para estes itens, contando com o apoio do Grupo de Trabalho Plásticos de Uso Único, criado pelo PPP”, afirmou Patrícia Carvalho.

Relativamente à Meta 2, no que toca à reciclabilidade, os membros do Pacto Português para os Plásticos, mantiveram os 57 por cento de embalagens recicláveis em relação a 2021, não tendo havido evolução. Apesar disso, os membros do PPP têm definido roadmaps e estratégias para aumentar a percentagem de reciclabilidade das embalagens de plástico dos seus portefólios, “no entanto, estas mudanças exigem algum tempo”.

Por outro lado, “o facto de ainda não estarem implementados os novos fluxos de materiais para reciclar, como os Termoformados de PET e o PP (rígido), também contribuiu para a estagnação deste valor”, explicou Patrícia Carvalho. “Com a entrada em vigor das Novas Especificações Técnicas para os materiais Termoformados de PET e o PP (rígido) será possível melhorar este valor. Se as especificações técnicas já estivessem em vigor em 2022, o valor da reciclabilidade passaria para 73 por cento”, afirmou a coordenadora do Pacto Português para os Plásticos.

Há ainda que considerar o grande peso das embalagens flexíveis, tendo esta tipologia características mais desafiadoras à sua reciclabilidade.

Ainda no âmbito da Meta 2 e no que toca à reutilização, em 2022, seis por cento das embalagens colocadas no mercado pelos membros do PPP, em média, eram reutilizáveis. Este valor baixou relativamente a 2021, em que o valor foi de sete por cento.

Esta meta quantifica as embalagens reutilizáveis novas, que são colocadas no mercado e são consideradas as embalagens B2B (Business-to-Business) e B2C (Business-to-Consumer). Em 2022, alguns membros do PPP alteraram a forma de gestão das embalagens de B2B, sendo que as embalagens em sistemas de pooling que não são geridas diretamente por estes, não se encontram contabilizadas. Patrícia Carvalho explicou que “a forma de contabilizar a reutilização é um desafio, sendo necessário encontrar métricas que permitam que os dados sejam comparáveis entre os anos; métricas essas que reflitam os dados do refill e das embalagens evitadas por utilização de embalagens reutilizáveis dos consumidores”.

O Pacto Português para os Plásticos encontra-se a trabalhar, de forma colaborativa, num projeto piloto de reutilização no takeaway, na zona do Porto, que tem como objetivo criar um sistema de embalagens retornáveis que seja economicamente viável, ambientalmente sustentável e que seja conveniente para o consumidor, demonstrando claras e mensuráveis vantagens quando comparado com o uso único.

Relativamente à Meta 3, embora tenha havido uma ligeira melhoria, o Pacto Português para os Plásticos considera que ainda está distante da meta, com 38 por cento das embalagens recicladas em 2021 (último ano com dados oficiais disponíveis), e acredita ser crucial aumentar a conscientização e o hábito de separação dos materiais por parte dos cidadãos.

“Este valor teve uma ligeira subida, como seria de esperar, pois, em 2020 verificou-se um forte impacto da pandemia COVID-19. No entanto, continuamos ainda bastante longe da meta definida (70 por cento). Para chegarmos a este valor é necessário que cada pessoa em Portugal recicle pelo menos 28 quilos de embalagens de plástico por ano, e ainda estamos com cerca de 16 quilos”, revelou Patrícia Carvalho. “Termos uma consciência ambiental não basta, temos todos, todos os dias, de colocar nos equipamentos de recolha seletiva (ecopontos, porta-a-porta, entre outras) os materiais para reciclar, e, neste caso específico, as embalagens de Plástico”, afirmou.

Relativamente à Meta 4, em 2022, verificou-se a incorporação de 15 por cento, em média, de plástico reciclado em novas embalagens. “Nesta meta regista-se um crescimento de 36 por cento relativamente a 2021, o que é bastante positivo”, disse Patrícia Carvalho. Sessenta e cinco por cento dos membros do PPP que colocam embalagens no mercado reportaram embalagens com plástico reciclado. As variações de preços nos mercados de plástico reciclado e as questões técnicas e de segurança alimentar para incorporação de reciclado em embalagens alimentares têm sido o maior desafio.

Por último, relativamente à Meta 5, desde o início tem vindo a ser priorizada a sensibilização e educação do consumidor, através de campanhas nacionais, presença online, masterclasses e participação em eventos.

“Destaca-se a campanha ‘Recicla o Plástico’ iniciada em 2022, ainda em vigor. Além disso, foi desenvolvido o programa educativo ‘Vamos Reinventar o Futuro’ para alunos do 2º ciclo, disponível online, e o Grupo de Trabalho ‘Materiais Alternativos & Análise de Ciclo de Vida’ produziu o guia ‘Porquê o Plástico?’ compilando informações técnicas e científicas sobre os plásticos”, recordou Patrícia Carvalho.

O PPP pretende continuar a promover estes materiais, mantendo uma forte presença online e em eventos. Para o futuro, uma reflexão sobre novas campanhas alinhadas com a visão do PPP para uma economia circular para os plásticos em Portugal. “Vamos continuar a educar, sensibilizar e informar o cidadão, dos mais velhos aos mais novos, para uma utilização circular do plástico”, garantiu a coordenadora do PPP.

Desde o início de 2020, diversas empresas, associações, ONGs, universidades e o Governo têm vindo a comprometer-se com a visão e os objetivos do Pacto Português para os Plásticos, uma iniciativa liderada e coordenada pela Associação Smart Waste Portugal e integrada na Plastics Pact Network, organizada pela Fundação Ellen MacArthur e pela WRAP.

Atualmente, o Pacto Português para os Plásticos conta com a participação de 116 entidades.

O Relatório de Progresso do Pacto Português para os Plásticos inclui informação sobre o trabalho desenvolvido, exemplos de boas praticas dos membros entre outras informações.

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