Dia Mundial da Água: monitorização das águas subterrâneas é insuficiente

  • 22 março 2022, terça-feira
  • Água

A monitorização das águas subterrâneas em Portugal é insuficiente, mas há dados que indicam haver nalgumas zonas quantidades preocupantes de nitratos devido à contaminação de origem agrícola, alertaram duas associações ligadas à água e ambiente.

O Dia Mundial da Água destaca “o ano para as águas subterrâneas” e as duas associações – a associação ambientalista Zero e o Grupo Português da Associação Internacional de Hidrogeólogos – apelaram, em comunicado, a um uso inteligente da água e à proteção dos recursos hídricos subterrâneos, fundamentais especialmente em tempo de seca.

No documento, as associações lembram que Portugal tem e aproveita as águas subterrâneas, que representam 74 por cento da água doce que é consumida no continente (quase 100 por cento nas ilhas), a maior parte (89 por cento) usada para irrigação.

No segundo ciclo de seis anos dos Planos de Gestão de Região Hidrográfica que terminou em 2021, análises recentes indicaram elevadas percentagens de água subterrânea de quantidade e qualidade.

Porém, “no nosso país ainda temos redes de monitorização insuficientes e os dados relativos à presença de nitratos associados à contaminação de origem agrícola são preocupantes nalgumas zonas”, lê-se no comunicado.

As duas associações acrescentaram que as águas subterrâneas são os “maiores tesouros enterrados” para lutar contra as adversidades das secas episódicas e das alterações climáticas, e são uma “realidade invisível” que merece ser reconhecida e deve ser gerida adequadamente.

A Associação Internacional de Hidrogeólogos, com outras entidades do setor e com base num questionário a hidrogeólogos, fez uma declaração sobre águas subterrâneas na qual, além de lembrar que essas águas são fundamentais para a sobrevivência no planeta, diz que é “imperativo proteger as águas subterrâneas, ameaçadas nalguns locais pela sobre-exploração e contaminação”.

“As águas subterrâneas em todo o mundo estão sob ameaça por causa do excesso de extrações e poluição. São um aliado essencial na luta contra a pobreza e a mortalidade infantil. Em muitos locais é a única origem de água. As águas subterrâneas suportam a própria sobrevivência das populações mais vulneráveis”, referiram.

As águas subterrâneas abastecem mais de metade da população mundial e são a única fonte de água em muitos locais e a fonte para 40 por cento da agricultura de irrigação.

A Associação Internacional de Hidrogeólogos, fundada em 1956 e com mais de quatro mil membros em 130 países, é a principal associação profissional, científica e educacional de e para todos os profissionais da área de planeamento, gestão e proteção de recursos hídricos subterrâneos.

Também a propósito do Dia Mundial da Água, a União para o Mediterrâneo, uma organização de cooperação que junta 43 países, destacou em comunicado que 75 por cento dos habitantes da União Europeia dependem das águas subterrâneas para o seu abastecimento, acrescentando também que o uso excessivo e a poluição das águas subterrâneas “apresenta um enorme problema em toda a região mediterrânica”.

As águas subterrâneas “moldam fundamentalmente a qualidade e função das zonas húmidas como parte do ciclo hidrológico”, sendo estas um refúgio de biodiversidade e de grande importância para atenuar os efeitos das alterações climáticas, lê-se no comunicado.

“A região mediterrânica perdeu 50 por cento das suas zonas húmidas naturais desde 1970. Há uma necessidade urgente de preservar as zonas húmidas do Mediterrâneo para ajudar as comunidades a suportar os impactos atuais e futuros das alterações climáticas, que ameaçam centenas de milhões de pessoas”, acrescentou a União para o Mediterrâneo.

Lançamento de projeto de rega sustentável no Parque das Nações

A Câmara Municipal de Lisboa e a Águas do Tejo Atlântico desenvolveram, em conjunto, um projeto para a rega de parques e jardins da cidade com água reutilizada.

Este projeto, que tem a sua materialização com a rega da zona norte do Parque das Nações, será apresentado a 22 de março, na Fábrica de Beirolas, às 15h30, onde ainda decorrerá uma visita ao processo de produção de água para reutilização e à zona de rega e estação de monitorização.

A cerimónia inclui a entrega de Licenças de Produção e Consumo pelo vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Pimenta Machado, e pela assinatura de “Protocolo de Colaboração Técnica para Aplicação de Medidas de Combate à Seca” entre a APA e a Câmara Municipal de Lisboa, e entre a APA e a Águas do Tejo Atlântico.

APDA volta a promover a Hora de Fechar a torneira

A Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA) e a respetiva Comissão Especializada de Comunicação e Educação Ambiental (CECEA) voltam a lançar o desafio à população de fechar a torneira às 22 horas por 60 minutos.

Este desafio, lançado a todos os que vivem em Portugal (e além-fronteiras) para não abrirem as torneiras entre as 22 e as 23 horas, visa a consciencialização e mudança de comportamentos no âmbito da conservação deste recurso.

Denominada por H2Off, a iniciativa surge alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, nomeadamente os referentes à “garantia de água potável e saneamento para todos”, “proteção do ambiente e procura da sustentabilidade nas cidades” e ao “combate às alterações climáticas”.

“Os recursos hídricos são fundamentais para a sobrevivência de todos os seres do planeta. O stress hídrico e a escassez de água estão na agenda política e social, constituindo uma ameaça para a humanidade, que se agravará à medida que o impacto das alterações climáticas e a ocorrência de eventos extremos se forem acentuando. Usar a água com inteligência e responsabilidade é uma necessidade imperativa, para a garantia de um futuro sustentável”, referiu a APDA em comunicado divulgado.

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