Crescimento e emissões dissociam-se pelo terceiro ano consecutivo

FOTOGRAFIA CATAZUL/ PIXABAY

Pela primeira vez desde 1995, ano de início da série estatística do INE, Portugal registou três anos consecutivos em que o crescimento económico coincidiu com a redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE)

 Em 2023, o Potencial de Aquecimento Global (GWP) diminuiu 8,9 % em relação ao ano anterior, totalizando 52,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente - o resultado mais baixo em quase três décadas. Esta redução ocorreu num contexto de crescimento económico, com o Valor Acrescentado Bruto (VAB) a aumentar 3,1 % em volume.

A conclusão foi obtida após o INE ter divulgado os principais resultados das Contas das Emissões Atmosféricas (CEA) para 2023, em conformidade com as estruturas e princípios contabilísticos do Sistema de Contas Económicas Ambientais.

Em 2023, observou-se uma redução global nos três principais indicadores para a avaliação dos efeitos ambientais das emissões atmosféricas, mais significativa no Potencial de Aquecimento Global (GWP), acompanhada por ligeiras diminuições no Potencial de Acidificação (ACID)4 e no Potencial de Formação de Ozono Troposférico (TOFP).

A redução de 8,9 % verificada entre 2022 e 2023 foi fortemente influenciada pelo setor da energia, em particular, devido ao aumento expressivo da produção elétrica de origem renovável, que representou mais de 60 % do total, revela o INE. Este crescimento foi favorecido por condições hidrológicas favoráveis. Contribuíram também para esta redução a menor dependência das centrais térmicas a gás natural, cuja produção recuou mais de 40 %, e o efeito residual do encerramento das centrais a carvão de Sines e Pego, consolidado em 2022 e plenamente refletido em 2023.

O Potencial de Acidificação (ACID) manteve-se praticamente estável entre 2022 e 2023, com uma redução ligeira de 0,7 %. A estabilidade deste indicador explica-se pelo peso persistente das emissões agrícolas, nomeadamente amónia (NH3) e óxidos de azoto (NO?) provenientes da pecuária e fertilização, pelo aumento de NO? proveniente dos transportes aéreos, pela morosidade na renovação do parque automóvel, que mantém em circulação veículos com maiores emissões de NO? e SO2, e pelos progressos limitados na substituição de combustíveis fósseis no transporte rodoviário e marítimo.

A melhoria na qualidade dos combustíveis e maior penetração de veículos elétricos, menor atividade industrial e energética emissora de compostos orgânicos voláteis (COVNM) e condições meteorológicas mais favoráveis à dispersão atmosférica impulsionaram a redução moderada do TOFP.

Em termos acumulados, o GWP, o ACID e o TOFP registaram decréscimos significativos entre 1995 e 2023, respetivamente 24,4%, 60,0% e 46,4%, enquanto o VAB aumentou 49,5 %. O Potencial de Aquecimento Global (GWP) apresentou uma tendência geral ascendente até 2005 (+26,4 %), acompanhando a evolução do VAB. A partir de 2005, o GWP tem decrescido quase todos os anos, com exceção para 2015 (+6,1 %) e 2017 (+7,8 %), com a particularidade destes crescimentos terem superado os aumentos do VAB nesses anos (+1,4 % e +3,2 %, respetivamente).

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