Biomassa - Uma Verdade Desconhecida

É no setor da energia onde tudo está a acontecer

A civilização humana encontra-se à beira de uma das maiores revoluções (se não a maior) no setor da energia – a capacidade da armazenagem de energia elétrica à escala dos macro-consumos regionais ou mesmo nacionais. Quando isso (e se) acontecer, tudo terá mudado na economia – os padrões de consumo, de comportamento, de mobilidade e quiçá, novas teorias económicas poderão ser escritas.

A energia elétrica é, de facto, reconhecida como a forma de energia mais “moderna” e mais cómoda e que está à distância de um “click” de um interruptor em cada lugar onde vivemos. Mas enganem-se todos aqueles que pensam que será a energia elétrica que terá o maior peso no consumo final total de energia de qualquer sociedade económica moderna nas próximas décadas – não é hoje e não o será ainda por muitos anos. Será mesmo a Bioenergia (a Biomassa e os Biocombustíveis) que poderá substituir consideravelmente as vorazes necessidades mundiais de consumo de energia e, ao mesmo tempo cumprir com a necessidade urgente de “descarbonizar” a economia à escala mundial.

Em Portugal, no setor elétrico, assiste-se atualmente ao emergir da produção de eletricidade em centrais de biomassa dedicadas, com a construção e entrada em funcionamento 4 centrais de biomassa de produtores de energia independentes, com mais 3 centrais que se já se encontram em construção ou em desenvolvimento correspondendo ao total de 73 MWe de potência elétrica, que compara com o valor total de 100 MWe de potência lançada a concurso público pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) no longínquo ano de 2006. A acrescentar a estes 73MWe de centrais de produtores independentes, também está em construção uma outra central de 30 MWe da indústria de produção de papel a localizar na Figueira da Foz, o que perfaz mais de 103 MWe de potência elétrica adicional a entrar em funcionamento em 2019/2020.

Ao entrarem agora em funcionamento darão o seu contributo para o peso da produção de energia renovável na economia portuguesa – um pequeno contributo, porque se dá na fração elétrica do consumo energético nacional que representa apenas cerca de um quarto da energia consumida no país. Mas a Bioenergia tem (teve e continuará a ter) uma presença, ainda que não tão mediática, bem maior na economia, nos restantes três quartos da energia consumida no país – os transportes, os processos térmicos industriais e o aquecimento dos edifícios.  

Paulo Preto dos Santos

Secretário-geral da APEB (Associação dos Produtores de Energia e Biomassa)

Vice-Coordenador da Comissão de Energia da Ordem dos Engenheiros

Diretor geral da Termogreen

Artigo publicado na edição nº116 da IA

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