União para o Mediterrâneo alerta para o aumento da temperatura na região
A União para o Mediterrâneo está a participar na COP24, a decorrer agora na Polónia, tendo apresentado estudos sobre o impacto das alterações climáticas e sobre a situação do financiamento climático na região.
A escassez de água, a desertificação, a concentração de atividades económicas e de população nas áreas costeiras são fatores que tornam a região do Mediterrâneo especialmente vulnerável às alterações climáticas. Por outro lado, o limite de aumento da temperatura fixado no Acordo de Paris (1,5 ºC) já está a ser ultrapassado.
A falta de informação adequada é outro aspeto que, segundo a União para o Mediterrâneo, dá um contributo negativo para o cenário na região, especialmente nas sociedades do sul do Mediterrâneo, onde são criados menos esquemas sistemáticos de observações e modelos de impacto. Por isso, a União apoia um esforço regional que sintetize conhecimentos científicos existentes, com o objetivo de fornecer um melhor conhecimento sobre a combinação dos diversos riscos. Este estudo está a ser levado a cabo pela Network of Mediterranean Experts on Climate and Environmental Change.
Segundo a avaliação preliminar sobre o risco na zona do Mediterrâneo divulgada pela União em comunicado, o aumento regional da temperatura será de 2,2 graus em 2040, possivelmente superior a 3,8 em algumas regiões no ano de 2100. O nível do mar subiu cerca de 3mm por ano nas últimas décadas, havendo incertezas em relação à elevação global do nível médio do mar. O intervalo de projeções futuras vai de 52cm a 190cm de aumento até 2100.
A falta de recursos pode levar a grandes movimentos migratórios
A distribuição dos recursos hídricos ao redor do Mediterrâneo é desigual, mas os recursos de água doce estão a decrescer em qualidade e quantidade. Em paralelo, a necessidade de alimento tem vindo a aumentar e as colheitas e o lucro com a pesca e produção de gado tem vindo a diminuir. As alterações climáticas afetam os ecossistemas.
A progressiva escassez de recursos e o aumento dos conflitos sociais deverão levar a um aumento nas migrações em grande escala.
Um estudo encomendado pela União para o Mediterrâneo sobre financiamento público sustentável a nível internacional destaca que a região Sul e Este do Mediterrâneo recebeu, em 2016, um montante anual de cerca de 8,3 mil milhões de dólares para empregar em finanças sustentáveis. Tal representa 13 por cento do financiamento mundial para a ação climática. Os principais beneficiários dos fluxos de financiamento na região do Mediterrâneo são atualmente a Turquia (38%), o Egito (22%), Marrocos (12%) e a Jordânia (12%). Os projetos de mitigação compõem a maioria dos fundos obtidos (transporte e geração de energia). Este estudo será apresentado na tarde de hoje, enquanto amanhã terá lugar a apresentação do relatório científico sobre o impacto das alterações climáticas na zona do Mediterrâneo.
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