Apresentada lista de maiores poluidores em Portugal

As organizações de defesa do ambiente Climáximo e Greve Climática Estudantil apresentaram um inventário das emissões portuguesas de gases com efeito de estufa, destacando a refinaria de Sines como a mais poluidora.

No documento, apresentado em conferência de imprensa, as organizações destacam o setor da energia, seguido da indústria, transportes, resíduos e agropecuária como os mais poluentes.

A refinaria de Sines, distrito de Setúbal, e a Central de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro (Porto), emitiram em conjunto quase quatro milhões de toneladas de dióxido de carbono, aparecendo na terceira posição do “top 20” dos mais poluentes a empresa Navigator, de produção de papel, com a emissão de 1,3 milhões de toneladas.

Na quarta posição surge a central termoelétrica de Lares (Coimbra), com a emissão de 1,2 milhões de toneladas, e depois a empresa Carnes Landeiro (Braga), com 963 mil toneladas.

Os setores da construção (cimentos) ou de novo o papel e a energia são outros que as organizações destacam no inventário das emissões em Portugal, no qual aparecem também a produção de químicos e metais e o tratamento de resíduos na lista dos 20 principais poluidores.

Os responsáveis pelo inventário disseram que o mesmo é a compilação de dados oficiais e que foi revisto pelo grupo de trabalho global do Acordo de Glasgow.

O Acordo de Glasgow, que as duas organizações assinaram no ano passado, é uma iniciativa internacional que junta organizações e instituições que propõem fazer um inventário das emissões de gases com efeito de estufa e criar um plano de ação para reduzir substancialmente essas emissões porque consideram que os governos não o fazem.

A responsável da Climáximo, Mariana Rodrigues, alertou, ao apresentar as infraestruturas “responsáveis pela crise climática em solo nacional”, que o mundo precisa de cortar, anualmente e até 2030, 11 por cento das emissões de gases com efeito de estufa, o que não está a acontecer, nem vai acontecer através do Acordo de Paris sobre o clima.

É por isso que, justificou, movimentos pela justiça climática a nível internacional se juntaram para agir perante a impotência dos governos e instituições para travar a crise climática.

O inventário apresenta uma lista de mais de 250 infraestruturas que as organizações dizem serem responsáveis pelas maiores emissões de dióxido de carbono, explicando onde estão localizadas e qual a área de produção.

Este alerta ainda para novos projetos que precisam de ser travados para impedir o aumento das temperaturas, como a construção de um novo aeroporto na área de Lisboa, a prospeção e exploração de lítio, a exploração de pedreiras ou novas ligações rodoviárias.

Nos cálculos da Climáximo, usando um método adotado pelo Acordo de Glasgow, Portugal tem nove anos para cortar 74 por cento das emissões nacionais de gases com efeito de estufa, até tendo em conta a “responsabilidade histórica” pelas emissões que produziu no passado.

“Realizar esse corte é a nossa tarefa civilizacional”, concluiu Mariana Rodrigues, informando que o inventário vai continuar a ser desenvolvido.

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